Casal diz que Clayton Arantes comprou fazenda e não pagou, no Norte de Mato Grosso
Fazendeiro é acusado de dar calote em compra de terra
O casal de fazendeiros Adão Rodrigues e Maria Lúcia dos Reis, moradores de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá), acusam o produtor rural Clayton Arantes de calote. Ele teria comprado uma fazenda na cidade de Santa Carmem (531 km ao Norte de Cuiabá) e não teria feito o pagamento.
O desacordo comercial entre as duas partes se arrasta em uma briga na Justiça há, pelo menos, oito anos.
A disputa judicial levou Arantes a realizar uma greve de fome, durante oito dias, na frente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, em Cuiabá. O protesto foi contra uma suposta venda de sentença. Arantes acusa o casal de ter comprado a sentença do juiz Paulo Martini, da Comarca de Sinop.
O advogado do casal, Ledocir Anholeto, disse ao MidiaNews que a acusação de Arantes é uma tentativa de se safar e de se fazer de vítima, armando "um grande circo" para desviar o foco de seus erros.
"A situação é bem simples: ele comprou a terra e não pagou. Usou de má fé e vem usando, até hoje. Por isso, o juiz Paulo Martini deu ganho de causa aos meus clientes. Ele [Arantes] recorreu em duas instâncias superiores e perdeu em todas", disse.
Segundo Anholeto, a família de Arantes adquiriu a fazenda, de 2.222 hectares, em 1998, por R$ 425 mil, parcelados em quatro vezes. Em 2001, mesmo sem quitar o débito, Arantes procurou Rodrigues e Maria Lúcia e propôs um novo acordo.
O advogado informou que o fazendeiro vendeu mil hectares para seus clientes pelo valor de R$ 600 mil, e o contrato que foi firmado em 2001, em Sinop. O montante seria pago com o arrendamento da área, feito ao próprio Clayton, que continuaria explorando e produzindo no local por mais três anos. Assim, ao invés de ele pagar o arrendamento da área, o valor seria abatido, zerando a dívida no ano 2004.
O problema, segundo o advogado do casal, é que Arantes não saiu na área, e não passou a propriedade para Adão Rodrigues e Ana Lúcia. Diante do exposto, o casal ingressou com uma ação judicial para lhes garantir a reintegração de posse. Eles ganharam a causa em todas as instâncias, mas, até o momento, não a sentença não foi cumprida.
"Meus clientes são vítimas. E, para se fazer de coitado, de injustiçado, esse cidadão fez essa greve de fome para chamar atenção e manipular a opinião pública e juízes, colocar suspeitas onde não existe. Temos toda a documentação que comprova essa fraude", disse Anholeto.
Atualmente, o imóvel objeto da disputa está avaliado em R$ 14 milhões. Nesta quinta-feira (3), o Pleno do Tribunal de Justiça deve julgar a ação rescisória ingressada por Clayton Arantes, que luta contra a reintegração de posse.
Outro lado
O MidiaNews tentou entrar em contato com o produtor rural Clayton Arantes, durante a semana, mas não conseguiu. Ele não atendeu a nenhuma das ligações para seu celular, tampouco respondeu às mensagens.
Em todas as entrevistas que concedeu, durante a greve de fome, Arantes foi categórico em afirmar que é vítima de um suposto esquema de venda de sentenças no Judiciário de Sinop, e que seria comandado pelo juiz Paulo Martini.
O produtor fez greve de fome por oito dias na frente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. O protesto foi encerrado na última quinta-feira (27), quando ele entregou um dossiê para a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, que garantiu que irá investigar as denúncias.
O juiz Paulo Martini também não atendeu à ligações, mas, em entrevistas anteriores, negou a existência do esquema denunciado pelo fazendeiro.
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