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Domingo - 13 de Outubro de 2013 às 18:37

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A espera para se adotar uma criança em Mato Grosso demora de seis meses a três anos, em média. Apesar de aproximadamente 70 crianças aguardarem por uma nova família nos lares de adoção, atualmente apenas 20 delas encontram-se aptas para o procedimento. A demora ocorre, segundo a juíza Gleide Bispo Santos, da Vara da Infância e da Juventude de Cuiabá, porque, em muitos casos, os candidatos têm um perfil já traçado das crianças que pretendem adotar.

Criança à espera da adoção (Foto: Leandro J. Nascimento/G1)

Crianças são escolhidas por cor e idade
(Foto: Leandro J. Nascimento/G1)

“Existem as exigências e a maioria dessas crianças aptas para adoção tem problemas de saúde. São crianças que a maioria dos pretendentes não quer”, destacou. Os dados da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) também apontam que, além das crianças especiais, outros fatores que fogem do perfil pretendido são a faixa etária, cor ou pelo fato de se tratar de um grupo de irmãos.

O processo de habilitação dos pretendentes pode demorar até seis meses. Já o de adoção depende do perfil desejado. Quando o candidato a adotante prefere um recém-nascido, o tempo de espera pode chegar a três anos, enquanto nos casos onde não há essa exigência, a espera pode ser bem menor, de até seis meses.

Para mudar a concepção dessas novas famílias interessadas em adoção, elas participam obrigatoriamente de um curso "pré-natal da adoção". A ideia é estimular o conhecimento teórico através de experiências sobre a convivência familiar, e com isso, desconstruir os critérios preestabelecidos pelos pretendentes. "Em épocas passadas, essa rejeição era bastante grande, hoje estamos tentando mudar esse perfil, fazendo com que as pessoas se interessem também pelas crianças de mais idade, o que chamamos de adoção tardia", afirmou a magistrada.

Outra alternativa é a realização de festas mensais nos abrigos. No ano passado, conforme a juíza, começou a ser feito um processo de aproximação dos pretendentes com as crianças maiores de sete anos. Para isso, foram promovidas algumas festas para estimular essa interação e isso tem diminuído bastante as exigências dos adotantes.

O estado conta com 72 instituições de acolhimento, sendo que quatro dessas estão localizadas em Cuiabá. “Em geral, as crianças que vão para os lares são vítimas de violência doméstica ou estão em situação de risco, ou passaram por algum caso de negligência por parte dos responsáveis”, explicou a assessora jurídica da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja), Elizaura Daniella da Silva.

As crianças são divididas por faixa etária de zero a dois anos; três a cinco anos; seis a oito anos e nove a 12 anos. “O problema maior é quando os adolescentes completam 18 anos, pois no estado, infelizmente, não temos unidades de acolhimento para essa idade”, pontuou Elizaura.

Lesliê Lopes Sallas tem 39 anos e é formada em letras. Hoje é solteira, trabalha como revisora de textos e dá aulas particulares. Há quase um ano na fila de espera, ela contou que sempre quis ser mãe e, como não se casou, decidiu não adiar mais a realização desse sonho. Ela comentou que chegou a pensar em inseminação artificial, mas, por questões financeiras, acabou desistindo.

“Até escrevi um texto sobre produção independente e apesar de estarmos em um tempo moderno, pensei no que diria à criança quando ela me perguntasse: "Cadê meu pai?". Acho que explicar isso para uma criança adotada é mais fácil”, argumentou.

Apesar do sonho de ter um filho, Lesliê escolheu que a criança não tivesse problemas de saúde por não ter condições de se dedicar integralmente. "É preciso um tempo muito maior de dedicação para uma criança especial e o lado financeiro também é importante", explicou. Ela é filha única e mora com os pais, que também declaram estar ansiosos.

Sobre o melhor momento para a adoção, a professora disse que seria quase como dar à luz. O primeiro passo para quem deseja adotar uma criança é procurar a Vara da Infância e Juventude do Fórum da Comarca do município onde reside. Lá, o candidato será orientado sobre os documentos necessários. A documentação será protocolada no processo de habilitação. Em seguida, uma psicóloga realizará uma visita à residência dos pretendentes. Essa etapa é chamada de estudo psicossocial. Depois disso, os candidatos devem participar de um curso preparatório.

Só então, o processo é encaminhado ao Ministério Público para emitir parecer e depois um juiz ficará encarregado de proferir a sentença. “Deferida a habilitação, por meio da sentença, o pretendente é inserido no cadastro estadual e nacional e irá aguardar a criança ou adolescente, conforme perfil desejado e ordem cronológica”, explicou Elizaura.





Fonte: Do G1 MT

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