UE critica assentamentos de Israel e quer apoio à Unesco
A UE (União Europeia) criticou nesta quarta-feira os planos de Israel de construir novos assentamentos em resposta à entrada da Palestina na Unesco, a agência cultural da ONU, e pediu que todos os países sigam apoiando à organização das Nações Unidas.
Após a votação que aprovou o ingresso da Palestina, os Estados Unidos anunciaram que iriam parar de enviar recursos à Unesco.
A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, declarou em comunicado que está "muito preocupada com a decisão israelense e lembrou que as colônias em Jerusalém Oriental e Cisjordânia "são ilegais sob a legislação internacional" e "um obstáculo para a paz".
Catherine pediu que Israel desista das retaliações e convocou as duas partes a continuar seu compromisso com o Quarteto (grupo integrado pelos Estados Unidos, União Europeia, ONU e Rússia) para avançar nos esforços de paz.
Na terça-feira, Israel anunciou que acelerará a construção de 2.000 novas casas em territórios ocupados e suspenderá temporariamente a transferência de fundos aos palestinos.
A entrada palestina na Unesco dividiu os países da UE: cinco discordaram, onze apoiaram e outros onze que se abstiveram. Um porta-voz disse que a entidade pede que todos "os países sigam apoiando a missão da Unesco na construção da paz, erradicação da pobreza, desenvolvimento sustentável e diálogo intercultural".
ESTADOS UNIDOS
Poucas horas depois do anúncio da admissão da Palestina como membro pleno da Unesco, os Estados Unidos, que votaram contra a resolução, anunciaram a suspensão dos repasses de fundos à entidade.
Segundo a porta-voz do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland, a decisão da Unesco foi "lamentável, prematura e mina o objetivo comum para um acordo de paz justo e duradouro" entre israelenses e palestinos.
Por isso, segundo ela, os EUA deixarão de fazer o pagamento de US$ 60 milhões que fariam em novembro, apesar de continuarem membros da organização. A decisão foi em cumprimento à legislação existente no país que obriga o governo a interromper o envio de recursos a qualquer agência da ONU que reconheça ao Estado da Palestina antes da formalização de um acordo de paz.
Os EUA --que se retiraram da Unesco em 1984 argumentando que não estava de acordo com a gestão do organismo, regressando em 2003-- advertiram em reiteradas ocasiões que poderiam cortar a ajuda econômica à Unesco, de 22% do orçamento bianual, que chega a US$ 653 milhões.
Apesar disso, os EUA afirmaram que estão "profundamente desapontados" por Israel ter acelerado a construção de assentamentos após a Unesco ter votado pela adesão plena dos palestinos à entidade.
"(Estamos) profundamente desapontados com o anúncio", disse a autoridade, que falou em condição de anonimato, afirmando que a administração de Obama continua a deixar clara sua oposição a tais atitudes do governo israelense.
ENTRADA NA UNESCO
Na segunda-feira, a Palestina se tornou membro pleno da Unesco durante uma votação nominal na 36ª Conferência Geral do órgão, em Paris. A resolução foi aprovada com 107 votos a favor, 52 abstenções, e 14 votos contrários, entre eles de Israel, Alemanha e Estados Unidos.
Para conceder o status de Estado-membro à Palestina, a Unesco precisava do voto favorável de dois terços dos 193 países representados na votação.
A condição anterior dos palestinos era de membro observador. A solicitação de mudança de status é parte da batalha diplomática empreendida pelo povo árabe para que sejam reconhecidos como Estado, o que culminaria em sua tentativa de ingressar na ONU.
A agência é a primeira da organização em que os palestinos buscaram integração como membro total desde que o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, entrou com o pedido de assento na ONU, em 23 de setembro. Os palestinos se preparam agora para apresentar um pedido de ingresso na OMS (Organização Mundial da Saúde), segundo o ministro da Saúde da ANP, Fathi Abu Moghli.
Comentários