Impasse no Enem atinge 87 mil estudantes no MS
O impasse envolvendo a anulação de 13 questões das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) atinge 87 mil candidatos em Mato Grosso do Sul – dos 122 mil inscritos, 35 mil não participaram do exame. Ontem, pressionado por setores do Ministério da Educação (MEC), o Governo Federal mudou de ideia e decidiu recorrer da decisão da Justiça Federal no Ceará que anulou 13 questões Enem.
Pela manhã, a disposição do governo era a de não apresentar recursos para evitar uma intensificação da batalha judicial em torno do exame. Mas no início da tarde, devido às pressões, a Advocacia-Geral da União (AGU) anunciou que encaminhará um recurso para tentar derrubar a decisão que anulou questões do Enem. O recurso será protocolado amanhã no Tribunal Regional Federal (TRF) da 5.ª Região, em Recife (PE). Segundo a AGU, a iniciativa tem o objetivo de evitar que alunos que fizeram o Enem sejam prejudicados.
Esse vai-e-vem de decisões deixa os estudantes preocupados e ainda mais tensos em um momento que eles próprios apontam ser "decisivo para o futuro". No Colégio Bionatus, 310 estudantes do 3º ano e do cursinho fizeram o Enem. Na tarde de ontem o Correio do Estado conversou com alguns deles. Todos disseram que a situação é um "desrespeito" aos estudantes e indignados, reprovaram a desorganização do MEC em relação a prova.
"Desde que estávamos no primeiro ano os exames começaram a dar problemas. Para esse ano a gente achou que não podia acontecer mais nada e agora eles anulam as questões. É o nosso futuro que está em jogo", disse Gilber Gouvea, 17 anos e que pretende cursar Medicina na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Ele e seus colegas se mostraram indignados e lamentaram que o governo federal não tenha controle sobre as provas do Enem. "Como eles podem usar questões de um pré-teste na prova oficial?", questionou.
A estudante Taisa Guzzela, 17 anos, que também almeja uma vaga em Medicina, não mediu palavras para reclamar da prova e da posição do MEC em relação ao Enem. "Estamos todos muito indignados. As 13 questões que eles estão questionando na Justiça podem ser decisivas para quem acertou todas elas".
Dos 13 itens cancelados pela Justiça até o momento, Taisa acertou dez. Já Gilber havia acertado todos. "Fazendo as contas aqui, eu, que acertei menos, acabei ficando em posição melhor que a dele, que acertou tudo. É muito injusto", sustentou a jovem, ao que o colega completou: "Eu me sinto muito prejudicado, porque essas 13 questões faziam a diferença na minha nota e agora não fazem mais". Se a decisão de anular os exercícios se mantiver, "quem errou vai ser beneficiado e quem acertou prejudicado", acreditam os alunos.
Indecisão
Os estudantes ainda reclamam que a espera por decisões judiciais definitivas os deixam tensos e apreensivos. Gabriela Tomazi, também de 17 anos e também na expectativa de cursar Medicina na UFMS afirma que "a gente se prepara o ano todo pensando justamente em se sair bem e agora nem temos garantias de que não vamos ter que fazer a prova de novo".
Para a estudante, o momento é para se preparar e estudar muito mais. "Ficamos na expectativa de saber o que vai ser feito. Alguns de nós ainda vão fazer vestibulares de outras universidades e ao invés de nos prepararmos apenas para os que restam, ficamos à mercê da possibilidade de fazer o Enem de novo. É horrível".
Lei mais no jornal Correio do Estado
Comentários