Emergentes cobram de ricos renovação do Protocolo de Kyoto
Envoltos por uma cortina de poluição que escondia Pequim, representantes do Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) exortaram nesta terça-feira os países desenvolvidos a renovar o controle de emissões de gases do Protocolo de Kyoto.
O encontro de dois dias reuniu altos funcionários dos ministérios de meio ambiente dos quatro países. O objetivo foi afinar o discurso do grupo a um mês da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, em Durban (África do Sul).
O Protocolo de Kyoto obriga 37 países industrializados (incluindo a União Europeia) a diminuir a emissão de gases de efeito estufa em 5,2% abaixo dos níveis de 1990. O principal fracasso foi não ter conseguido a ratificação dos EUA.
A meta de Kyoto prevê o cumprimento até o ano que vem, quando já deveria haver um novo tratado. Mas Rússia, Japão e Canadá, entre outros, têm sinalizado de que não se comprometerão com um novo período caso os principais emissores continuem de fora.
O Basic cobrou dos países desenvolvidos o compromisso de "assumir a liderança" nos esforços contra a mudanças climáticas, a criação de um fundo de US$ 30 bilhões de ajuda aos países mais pobres e transferência tecnológica.
Representante do Brasil no encontro, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, disse que, se a extensão de Kyoto for aprovada em Durban, a conferência terá sido "um grande sucesso".
Gaetani, no entanto, admite que uma das principais dificuldades para propostas como a do fundo é o momento de crise econômica. "Uma série de países estão obcecados com resultados de curto prazo."
O funcionário brasileiro elogiou ainda a "coesão" do Basic. "A posição dos quatro países é muito importante para a posição do G77 [grupo dos países em desenvolvimento]."
Presente no encontro como observador, o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ) teve uma avaliação pessimista do resultado. "Esse processo da ONU é um labirinto. E, mesmo quando você está avançando, é dentro de um labirinto."
"A reunião do Basic foi um microcosmo da forma da ONU funcionar. Aqui, se produziu um documento absolutamente inócuo, que não cumpriu o opósito de jogar uma pinguela que fosse de aproximação com a Europa para poder manter, dentro de Kyoto, aqueles que não podem sair."
Sirkis disse que o Brasil tentou fazer essa aproximação, mas que a estratégia não foi adiante porque houve resistência principalmente por parte da Índia.
Mais otimista, Marcos Carson, coautor de um estudo sobre o Basic do Instituto Ambiental de Estocolmo (Suécia), disse que o documento "reflete o verdadeiro desafio de encontrar oportunidades para avanços significantes em Durban". Ele elogiou os esforços do Basic para reduzir emissões.
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