A defesa foi apresentada ao juiz federal Luís Praxedes Vieira nesta manhã. O juiz afirmou que a decisão sobre a anulação ou não do Enem deve ser anunciada na terça-feira (1º).
A presidente do Inep, Malvina Tuttman, saiu do local sem dar declarações. De acordo com o Ministério da Educação, ela falará à imprensa às 16h (horário de Brasília).
De acordo com a Justiça Federal, a diretora de Ensino Básico do Inep, Maria Tereza Barbosa, afirmou, durante a reunião, que houve uma "falha contingencial" e que não ocorreu uma falha grave. A Justiça Federal afirmou ainda que membros do Inep defenderam que alunos do Colégio Christus foram os únicos prejudicados e, por isso, a prova deve cancelada apenas para os 639 alunos matriculados no ensino pré-universitário da escola da capital cearense.
Ainda conforme a Justiça Federal, Maria Tereza Barbosa citou outras falhas do Enem que não comprometeram a execução do exame. O Inep também afirmou que não houve furto de pré-testes, cujas questões estavam no banco de dados da escola e foram antecipadas.
Depoimento do Ministério Público
O procurador da República Oscar Costa Filho, que entrou com a ação na Justiça pedindo a anulação total da prova, ou das 14 questões antecipadas pela escola do Ceará, não esteve presente no depoimento. Segundo a Justiça Federal, o depoimento do procurador não era obrigatório. Ele já havia defendido que a anulação parcial ou total em todo o Brasil são as únicas formas de manter a isonomia do Enem em território nacional.
Três estudantes de outras escolas também estiveram reunidos com o juiz federal Luís Praxedes nesta manhã e pediram a anulação do Enem. De acordo com os estudantes, os alunos do Christus serão beneficiados mesmo que tenham de repetir o exame, já que terão mais tempo para se preparar para as provas.
Ivone Espíndola, uma das estudantes que conversou com o juiz, avaliou como positivo o depoimento e afirmou ao G1 que está confiante da anulação da prova.
Do lado de fora da sede da Justiça Federal de Fortaleza, alunos de escolas particulares protestaram durante a audiência e pediram a anulação total do Enem 2011.
Juiz federal recebe a presidente do Inep, procuradores da União, MEC e Inep.
(Foto: Justiça Federal-CE/Divulgação)
Entenda o caso
A antecipação de questões foi revelada na quarta-feira (26), quando um aluno do colégio cearense publicou, em seu perfil no Facebook, fotos de quatro apostilas distribuídas por um professor.
O MEC constatou que a escola distribuiu apostilas nas semanas anteriores ao exame com questões iguais e uma similar às que caíram nas provas realizadas no sábado (22) e domingo (23) e, no próprio dia 26, cancelou as provas feitas pelos 639 alunos do colégio.
Os candidatos do Christus poderão fazer novamente o Enem em 28 e 29 de novembro, dias nos quais o exame será aplicado para pessoas submetidas a penas privativas de liberdade e adolescentes sob medidas socioeducativas. As questões do Enem que aparecem nas apostilas não serão canceladas.
Os alunos farão uma outra versão do Enem, preparada para detentos de todo o Brasil, na mesma data que eles, em 28 e 29 de novembro.
Em nota, a direção do colégio afirmou que as questões constam em um banco de dados de perguntas que a escola recebe de professores, alunos e ex-alunos para promover simulados para o Enem. O colégio diz ainda que, “como há o pré-teste de questões utilizadas no Enem, existe a possibilidade de que essas questões caiam no domínio público antes da realização oficial do exame, as quais eventualmente podem compor o banco de dados de professores e de outros profissionais da área de educação”.
Minas Gerais
Outro episódio de questões do Enem 2011 antecipadas aconteceu em Minas Gerais. Um colégio de Belo Horizonte aplicou em setembro um simulado com questão semelhante à do exame realizado nos dias 22 e 23 de outubro.
O exercício pediu aos estudantes que analisassem quatro medidores de energia. Os relógios de luz estão dispostos de maneira idêntica nos dois exercícios, assim como a posição dos ponteiros. Os valores apresentados nos enunciados e nas alternativas de resposta também são semelhantes. A assessoria do Ministério da Educação (MEC) negou nesta sexta-feira (28) um possível vazamento de informações para a escola mineira.
À esquerda, questão de simulado aplicado em BH; à direita, questão usada no Enem. (Foto: Divulgação/Bernoulli)
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