Gregos chamam presidente de "traidor" e interrompem evento

Gregos protestando contra as medidas de austeridade do governo interromperam nesta sexta-feira uma parada nacional chamando de "traidores" o presidente Karolos Papoulias e outras autoridades presentes no evento.

O desfile militar anual em Thessaloniki, no norte da Grécia, celebra o dia em que o primeiro-ministro Ioannis Metaxas rejeitou o ultimato do líder italiano Benito Mussolini para permitir a colocação de tropas italianas na Grécia, em 1940. Essa é a primeira vez que a parada é cancelada.

O protesto em Thessaloniki foi repetido em outras cidades gregas, inclusive em Atenas, onde os manifestantes usavam fitas negras para protestar contra os impostos mais altos e os cortes nos salários e pensões exigidos pelos credores internacionais para evitar um default da dívida grega.

"O povo grego está travando hoje uma grande batalha, mas eles também lutaram uma batalha há muitos anos. Devemos nos unir para superar a crise", disse Papoulias, acrescentando que ele tinha lutado contra os alemães aos 15 anos de idade. "Então, quem é traidor? Eles deveriam se envergonhar!"

"Eu vim para honrar esta cidade histórica. Há pessoas que querem impedir esta celebração. Lamento muito", disse Papoulias, apelando por unidade em face da situação econômica do país.

Grupos de manifestantes entraram em confronto com a polícia de Atenas e gritaram "ladrões" e "traidores" para funcionários do governo.

Medidas de austeridade exigidas no resgate financeiro da Grécia ajudaram a mergulhar a economia em sua pior recessão em quatro décadas, levando o desemprego para níveis recorde de cerca de 16%.

Apesar de um acordo definido em uma cúpula da UE nesta semana para reduzir pela metade o valor da dívida grega de 200 bilhões de euros nas mãos de credores privados, muitos gregos estão profundamente ressentidos com o que veem como uma ingerência liderada pela Alemanha de seus assuntos.