Argentina e Paraguai ampliam produção mais do que o Brasil
Produtores brasileiros plantam metade da área de soja da América do Sul. Em relação ao milho, exportam menos que os argentinos. A acréscimo na área de plantio de verão no Paraguai e na Argentina é maior do que o verificado no Brasil na temporada 2011/12. No milho o cultivo deve se manter, mas na soja a expansão nos campos argentinos está sendo projetada em 1 milhão de hectares (5,5%) e nos paraguaios em 160 mil hectares (5,6%). O Brasil avança entre 3% e 4%, com variação positiva de 600 mil a 800 mil hectares. Os números partem das primeiras projeções internas dos três países e vêm sendo compilados pelo departamento de agricultura dos Estados Unidos, o Usda. Apesar de deter metade dos 50 milhões de hectares de soja cultivados na América do Sul – e de possuir a maior área livre ou subaproveitada, avaliada em 70 milhões de hectares –, o Brasil mostra-se menos animado a elevar a produção a partir do cenário internacional de demanda crescente. Argentina e Paraguai estão não só ocupando áreas novas, como também concentrando a pecuária em espaços menores, indicam as estatísticas. Com o segundo lugar entre os maiores produtores de soja do continente, a Argentina deve dedicar 19,3 milhões de hectares à oleaginosa, na expectativa de ampliar as exportações de 8,5 milhões (2010/11) para 11,8 milhões de toneladas (2011/12). O Paraguai, por sua vez, deve plantar 3 milhões de hectares e exportar perto de 6 milhões de toneladas, apesar da expansão das agroindústrias locais. A recente valorização do dólar em relação ao real favorece as exportações brasileiras. No entanto, para ampliar substancialmente suas vendas, que de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) atingiram 33,8 milhões de toneladas em 2010/11, o país terá de destinar menor parcela da colheita para produção de óleo e farelo. O Usda projeta os embarques brasileiros de 2011/12 em 36 milhões de toneladas. Se o Brasil abocanha parcela significativa do mercado de soja in natura, a Argentina avança no mercado do milho. Deve se distanciar dos concorrentes sul-americanos com embarques que somarão 19,5 milhões de toneladas, o dobro das vendas externas brasileiras projetadas para a temporada que segue até meados de 2012 (8,5 milhões de toneladas, conforme a Conab e o Usda). O avanço do país vizinho é de 30%. O avanço da participação da Argentina no abastecimento mundial de grãos deve-se, em boa medida, à previsão de que o clima deste ano será melhor que o do ciclo passado, quando faltaram chuvas no início da temporada. O Paraguai, que não registrou problemas climáticos, espera chuvas bem distribuídas, apesar de a região agrícola, concentrada ao Leste do país, numa faixa próxima à divisa com o Brasil, estar sujeita à influência do fenômeno La Niña, que ameaça reduzir as precipitações na região a partir de dezembro.
Plantio de soja chega à reta final nos campos paraguaios - Com a ajuda do clima, as plantadeiras paraguaias estão entrando na fase final do plantio da safra de verão 2011/12. Agricultores do país vizinho entrevistados pela reportagem revelaram que a semeadura da oleaginosa já alcança 90% da área reservada para o cultivo. Nesta mesma época do ano passado, o plantio chegava a cerca de 70%. A antecipação dos trabalhos de campo é resultado de um bom regime de chuvas registrado no Paraguai. Além disso, o risco anunciado de seca na virada do ano – durante o desenvolvimento da safra – também contribui para que as máquinas cheguem mais cedo às lavouras. A pressa dos paraguaios está associada ao mesmo motivo que levou os agricultores paranaenses a correr com a largada da safra nas regiões Sudoeste e Oeste: o risco de seca previsto para dezembro, por influência do fenômeno La Niña. “Até agora está correndo tudo bem, com boas chuvas. Não tivemos nenhum problema de germinação e tomara que siga assim”, disse Maximino Lazarato, de Santa Rita (Alto Paraná, departamento que faz divisa com o Brasil). Diferentemente da temporada passada, quando o plantio começou no final de setembro e foi encerrado em novembro na maior parte do Paraguai, as plantadeiras devem concluir a semeadura até o final de outubro. Dono de 3,8 mil hectares com soja e 150 hectares de milho, Lazaroto espera encerrar a tarefa no próximo sábado. “O clima está perfeito. Melhor que o do ano passado”, resume Sérgio Luis Senn, da Cooperativa de Produção Agropecuária Naranjal (Copronar), também de Alto Paraná. Embora detenha uma área pequena na comparação com a extensão das lavouras brasileiras, por exemplo, o Paraguai tem a terceira maior produção de soja da América do Sul e está entre os dez maiores exportadores. Como no ano passado, a tendência é de crescimento na produção no Cone Sul, atesta Adriano Machado, analista da consultoria Safras e Mercado. A Expedição Safra Gazeta do Povo deve percorrer o Paraguai e a Argentina na época da colheita de milho e soja, a partir de fevereiro do ano que vem. Técnicos e jornalistas monitoram a região há duas safras e vêm registrando tendência de expansão da área de grãos e, nos campos paraguaios, de avanço expressivo na produtividade da soja. Com participação de produtores brasiguaios, o país vizinho vem se especializando na cultura.
Comentários