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Polícia Brasil
Sábado - 22 de Outubro de 2011 às 17:19

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A Polícia Federal decidiu mudar o rumo das investigações sobre a fraude no PanAmericano, banco que teve rombo contábil, após descobrir indícios de desvio de dinheiro, uso de caixa dois e conexões entre ex-executivos e políticos ligados ao governo.

Há suspeita de que o PanAmericano, instituição financeira que pertencia ao empresário Silvio Santos, dono do SBT, tenha contado com a ajuda de políticos influentes para ser socorrido, fato negado por ex-diretores da instituição ouvidos pela Folha.

Na quarta, o "Painel" da Folha revelou que a PF interceptou e-mails entre o ex-ministro Luiz Gushiken (governo Lula) e o então presidente do banco Rafael Palladino desde 2009, quando a Caixa comprou 49% do banco PanAmericano. A PF também apura se executivos do banco fizeram doação para campanha política.

Ontem, o jornal "O Estado de S. Paulo" mostrou que, por conta da suspeita de desvio de dinheiro, a PF obteve na Justiça Federal o bloqueio de bens e o sequestro dos passaportes de executivos ligados ao PanAmericano, entre eles os de Luiz Sandoval, Rafael Palladino e Wilson de Aro, respectivamente ex-presidente do grupo Silvio Santos, ex-presidente do banco e diretor financeiro da instituição. A decisão foi da 6ª Vara da Justiça Federal em São Paulo.

O PanAmericano vendia carteiras de crédito para outras instituições e não lançava em sua contabilidade, inflando seus números. Isso aconteceu pelo menos a partir de 2006 e causou um rombo de R$ 2,5 bilhões, que aumentou para R$ 4,3 bilhões.

Um ano antes de a fraude se tornar pública, a Caixa tinha comprado 49% do PanAmericano por R$ 739 milhões, supostamente, sem detectar manipulação nas contas. O negócio teve consultoria da KPMG e do Banco Fator.

Com a fraude, o PanAmericano teve de ser socorrido pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) e seu controle acabou sendo vendido para o BTG Pactual neste ano.

INVESTIGAÇÕES

Segundo o inquérito da PF, o ex-ministro Gushiken prestou uma "consultoria" ao PanAmericano em negociações de compra e venda de empréstimos, possivelmente de créditos consignados.

Um dos e-mails interceptados revela que Gushiken cobrou Palladino pelo fechamento de um negócio ocorrido sem a sua "anuência" com igrejas evangélicas.

Uma outra linha de investigação apura a possível atuação de Gushiken na prospecção de novos clientes e na intermediação de contratos de venda de carteiras de crédito para fundos de pensão de estatais, segundo duas pessoas próximas ao caso.

Gushiken deixou o governo em 2006 envolvido no escândalo do mensalão, um suposto esquema de compra de votos dos parlamentares.

A Folha não conseguiu falar com Gushiken, que passa por tratamento quimioterápico. Procurados, Sandoval e Roberto de Aro preferiram não falar, alegando que o caso se encontra sob investigação. Rafael Palladino, ex-presidente do banco, não atendeu às ligações.






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