Investidor reduz aposta em commodities no 3º trimestre
Investidores reduziram a exposição nos mercados de commodities por dois trimestres consecutivos, o que ocorre pela primeira vez desde a última crise financeira global, de acordo com o banco de investimentos Barclays Capital. O volume de recursos aplicados em commodities no terceiro trimestre do ano caíram US$ 15 bilhões, para US$ 393 bilhões. Os mercados de energia representaram a maior perda trimestral dos fundos desde que o banco começou a coletar os dados, no início de 2008.
O êxodo dos fundos nas commodities ocorre em meio a temores sobre o impacto da crise da dívida da zona do euro e diante da desaceleração do crescimento da China. "As vendas de commodities por investidores se intensificou nas últimas semanas e os fundos de hedge foram especialmente agressivos", disse o Barclays, em relatório trimestral.
Entre todos os mercados, apenas os metais preciosos registraram entrada líquida de recursos durante os três meses avaliados pelo Barclays, totalizando US$ 5,5 bilhões. Embora os produtos negociados em bolsa (ETPs) tenham recebido bilhões de dólares em investimento durante a crise de 2008, na medida em que investidores recorreram ao ouro como porto seguro, neste ano o setor teve um dos maiores fluxos de saída.
Investidores institucionais também perderam interesse pelas commodities durante o terceiro trimestre do ano, uma tendência preocupante, já que eles tendem a ser uma das fontes mais estáveis de investimento. Esses players, que costumam priorizar o longo prazo, como fundos de pensão, retiraram quase US$ 10 bilhões dos mercados de commodities apenas no último mês, o dobro do fluxo de saída líquido registrado em todo o trimestre equivalente da crise de 2008.
"Os investidores institucionais tiveram atividade fora do comum na redução de posições (em commodities)", afirmou o banco. O relatório acrescentou que há uma série de evidências apontando uma mudança na atitude dos investidores nos mercados de commodities, depois do boom nos preços observado neste ano. Na quinta-feira, uma pesquisa realizada pelo Bank of America Merrill Lynch com 286 gerentes de investimento, que controlam um total de US$ 739 bilhões, descobriu que o comportamento dos gerentes diante das commodities se tornou negativo pela primeira vez desde fevereiro de 2009.
Mas o Barclays enxerga uma luz no fim do túnel para os mercados de commodities. O banco, que tem uma ampla presença nesses mercados, espera uma recuperação dos preços em breve, conforme o pessimismo econômico for se dissipando, especialmente nos mercados de milho, petróleo, cobre e alumínio. "Se o pessimismo no mercado se dissipar, é provável uma recuperação dos preços da maioria das commodities, seguida de uma nova emergência das tendências construtivas de médio prazo nesses mercados, com fundamentos que dão suporte", completou o Barclays.
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