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Nacional
Quinta - 20 de Outubro de 2011 às 17:11

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O secretário da Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, disse nesta quarta-feira que o FBI deverá participar das investigações sobre a importação de lixo hospitalar dos EUA por uma confecção de Santa Cruz do Capibaribe (a 205 km de Recife).

"Conversei com o chefe do FBI em Brasília, ele se mostrou sensível ao caso e deve designar um agente para trabalhar conosco", afirmou. Damázio também pediu o apoio dos EUA ao consulado norte-americano em Recife.

"Explicamos que esse tipo de importação é proibido no Brasil e pedimos para que eles apurem as circunstâncias desse negócio", afirmou. "Precisamos saber, por exemplo, se a empresa exportadora de fato existe, se houve algum tipo de infração à legislação americana."

De acordo com Damázio, o inquérito aberto pela Polícia Civil "está adiantado" e há possibilidade de o dono da Império do Forro de Bolso, empresa responsável pela importação do lixo, ter um pedido de prisão preventiva ou temporária requisitado contra ele.

"Se houver elementos suficientes, nossa orientação é essa", afirmou o secretário. "Uma empresa brasileira e outra americana não podem prejudicar 150 mil pessoas empregadas nas 22 mil indústrias do segundo maior polo de confecção do Brasil", afirmou.

O Consulado dos EUA em Recife informou, por meio de nota, que acompanha as notícias sobre o caso e que as agências norte-americanas responsáveis pela entrada e saída de mercadorias daquele país, além dos órgãos de controle ambiental, já foram informados.

Ainda segundo o consulado, o governo americano está "comprometido em facilitar o comércio legal, reforçando o cumprimento das leis de comércio dos EUA que protegem a economia, a saúde e a segurança das pessoas de todo o mundo, através de sólidas parcerias com os governos".

A nota afirma que os Estados Unidos tratam do assunto "com muita seriedade" e verificam se alguma lei do país foi violada.

IMPORTAÇÃO

Nesta terça-feira, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), culpou os EUA pela importação do lixo hospitalar.

Em entrevista coletiva, Campos chamou de "bandido" o empresário responsável pela importação e uso de lixo hospitalar em confecções.

"Quem falhou primeiro foram eles. Não é justo que um bandido nos EUA e outro aqui prejudiquem um polo de confecção, que emprega quase 150 mil pessoas", disse.

Lençóis descartados foram encontrados em um hotel de Timbaúba (PE). A Câmara de Dirigentes Lojistas de Santa Cruz do Capibaribe prepara um recall de roupas feitas o lixo hospitalar importado pela Império do Forro de Bolso.

Os lojistas pretendem recolher peças que ainda estão nas lojas e contatar clientes da importadora. A Vigilância Sanitária será requisitada para vistoriar o material.

À Folha o clínico-geral do Hospital das Clínicas de São Paulo Arnaldo Lichtenstein disse que tecidos descartados por hospitais oferecem risco de contaminação caso não tenham sido esterilizados de forma correta.

Pessoas que tiverem contato direto com o material podem contrair doenças como hepatite A e B, diz o médico.

Segundo o governador de Pernambuco, infectologistas consultados pelo governo disseram que não riscos para o consumidor.

LIXO HOSPITALAR

O lixo hospitalar era importado e vendido pela Império do Forro de Bolso, de Santa Cruz do Capibaribe (PE), que teve duas lojas interditadas no fim de semana pela Vigilância Sanitária --nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe e de Toritama, onde o tecido pode ser comprado por R$ 10 o quilo.

A interdição da Império ocorreu um dia depois de a Folha noticiar que comprou, na última sexta-feira (14), nove lençóis, alguns deles com manchas. A empresa vendia o material também pela internet.

Na noite desta segunda-feira (17), a Polícia Civil pernambucana apreendeu em Caruaru (PE) mais 15 toneladas de tecido com a logomarca de hospitais norte-americanos. O material foi encontrado em um galpão inspecionado graças a mandados judiciais de busca e apreensão. O armazém fica no Bairro Universitário e pertence a empresa Na Intimidade, que funciona com o nome fantasia Império do Forro de Bolso.

O material é semelhante ao encontrado entre as 46 toneladas de lençóis, fronhas, toalhas de banho, batas, pijamas e roupas de bebês sujas de sangue retidas na semana passada, no Porto de Suape.






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