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Saúde
Quinta - 20 de Outubro de 2011 às 12:54

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Um estudo realizado em Salvador, Bahia, avaliou 731 pacientes de baixa renda com asma grave tratados no Núcleo de Excelência em Asma, da Universidade Federal da Bahia. Os pacientes realizaram espirometria, receberam medicações para asma e foram monitorizados quanto à frequência de exacerbações durante um ano. Destes, 511 também responderam a uma pesquisa sobre sintomas e qualidade de vida relacionados à asma.

O objetivo era determinar a frequência de asma quase fatal neste grupo, assim como as características clínicas e o prognóstico desses pacientes neste um ano de seguimento.

De autoria dos doutores Eduardo Vieira Ponte, Adelmir Machado e Álvaro Cruz, o estudo verificou que cerca de 10% dos pacientes avaliados já havia sofrido asma quase fatal antes da admissão no Programa. Desses, 59% relataram terem sido intubados previamente.

Segundo o estudo, uma crise de asma é considerada quase fatal quando há necessidade de intubação orotraqueal, colocação de tubo na traqueia para garantir a respiração por meios artificiais, ou ocorrência de parada cardiorrespiratória. Nestes casos, o paciente tem que tratado com suporte avançado de vida em UTI.

“Pacientes com asma quase fatal têm maior risco de morte. Mas vale lembrar que mortes por asma podem ser prevenidas com tratamento adequado. Em alguns países, estratégias governamentais para o melhor tratamento da asma reduziram a taxa de internação hospitalar, o número de crises de asma quase fatais e a mortalidade por asma”, afirma dr. Álvaro Cruz, um dos autores do estudo e diretor executivo da GINA Brasil .

O problema, revela o dr. Álvaro, é que estes pacientes geralmente não têm noção da gravidade de seus sintomas e das alterações funcionais de sua doença.

“Entre 10% e 60% dos pacientes com exacerbação de asma quase fatal não estão em uso regular de corticoides inalatórios no momento da crise. E o que é pior: mesmo após a crise, 35% dos pacientes continuam sem a utilização de corticoides inalatórios e sem acompanhamento com um especialista”.


Asma leve ou quase fatal

Os pacientes com asma quase fatal na admissão no Programa de Asma em Salvador (ProAR) eram mais propensos a exacerbações de asma durante o acompanhamento e tiveram menor resposta ao tratamento do que aqueles sem asma quase fatal. No entanto, os resultados dos questionários no final do acompanhamento foram semelhantes entre pacientes com asma quase fatal e os demais, sem episódios de morte iminente.

Ou seja, embora a frequência de asma quase fatal não seja desprezível entre pacientes com asma grave e de baixa renda, a intensidade dos sintomas e a qualidade de vida de pacientes com asma em geral é semelhante e o paciente não tem noção clara do risco que pode estar correndo. É fundamental que pacientes com asma grave sejam acompanhados em centros de referência com especialistas experientes.

 “O tratamento com corticoides inalatórios e outros medicamentos proporcionam o controle dos sintomas e melhoram a qualidade de vida desses pacientes. No entanto, no Brasil, os custos da doença ainda são muito elevados e não podem ser pagos por boa parte dos pacientes asmáticos. O Ministério da Saúde tem avançado muito em políticas de acesso aos medicamentos da asma, mas os médicos que atuam em postos e centros de saúde no SUS, bem como os do programa de saúde da família, em geral não foram capacitados para o controle da asma”, comenta o dr. Rafael Stelmach, presidente-eleito da GINA Brasil.


Oferta gratuita de medicamentos

Outro estudo realizado pelo mesmo grupo constatou que a facilitação do acesso a corticoides inalatórios, fundamental para a prevenção das asmas quase fatal e fatal é custo-efetiva, ou seja, o Estado economiza recursos com internações e melhora a qualidade de vida da população.

“O tratamento adequado reduz os atendimentos de emergências e as internações de pacientes com e sem asma quase fatal”, avalia dr. Álvaro.

O Programa para o Controle da Asma na Bahia (ProAR) é um bom exemplo desta afirmação. No local, são atendidos pacientes com asma grave do Sistema Único de Saúde. Com baixa renda e sem condições de custear seu tratamento, os pacientes ali atendidos recebem não apenas as medicações gratuitamente, mas também assistência multidisciplinar.

Com estes benefícios, a adesão ao tratamento oferecido no programa é de 85%, e a proporção de internações hospitalares entre os pacientes acompanhados no programa reduziu-se em 90%.






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