O deputado ACM Neto (BA), líder do DEM na Câmara dos Deputados, deve protocolar na manhã desta segunda-feira dois requerimentos de convocação do ministro do Esporte, Orlando Silva, nas comissões de Fiscalização e Controle e Turismo e Desporto. Recentes suspeitas apontam para a existência de um esquema de irregularidades envolvendo convênios entre o Ministério do Esporte e ONGs, que teria desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos.
ACM Neto deve protocolar ainda o pedido de convite dos dois principais denunciantes do suposto esquema, João Dias Ferreira e Célio Soares. Ferreira, que é policial militar e ex-militante do PCdoB, serviu de fonte para a revista Veja na reportagem que divulgou as suspeitas.
Segundo reportagem da Veja, diversos membros do PCdoB, capitaneados pelo ministro, faziam parte do esquema de irregularidades. Ferreira foi um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar de desvios de recursos destinado a um programa da pasta. Investigações passadas apontavam diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades, na época da Operação Shaolin, mas é a primeira vez que o nome do ministro é mencionado por um dos suspeitos. Ferreira, por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, firmou dois convênios, em 2005 e 2006, com o Ministério do Esporte.
De acordo com Ferreira, as ONGs recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios. Orlando Silva teria recebido, pessoalmente, dentro da garagem do Ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes da quadrilha. Parte desse dinheiro, acusa a Veja, foi usada para pagar despesas da campanha presidencial de 2006.
Ainda no domingo, o ministro reconheceu que pode ter havido falha na fiscalização da ONG Pra Frente Brasil, suspeita de usar empresas de fachada para desviar dinheiro público no interior de São Paulo. "Falha sempre é possível que haja, e a nossa missão é corrigi-las. Me comprometo a examinar mais uma vez os relatórios que eles (a ONG) desenvolveram. Nós vamos investigar, apurar e checar todos os dados. Os responsáveis serão punidos", afirmou o ministro.
A entidade, gerenciada pela ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, recebeu cerca de R$ 28 milhões nos últimos seis anos - a ONG que mais ganhou dinheiro do Ministério dos Esportes. A Pra Frente Brasil atua em 17 municípios no interior paulista e é considerada estratégica pelo governo federal na democratização do acesso ao esporte. A ONG declarou que seguiu a lei e negou que as empresas contratadas sejam de fachada.
Comentários