Ativistas "ocupam" Nova York em dia de protestos mundo afora
Milhares de manifestantes ocuparam, no sábado (15), Times Square, um dos cartões postais de Nova York. As manifestações contra a "ganância corporativa", convocadas por ativistas americanos, espalharam-se pelo mundo. Houve protestos na Europa, na Ásia, e manifestações violentas em Roma.
Várias marchas partindo de pontos diferentes de Lower Manhattan se encontraram em Time Square no fim da tarde, gritando palavras de ordem contra o sistema financeiro, como "os bancos são resgatados e nós somos vendidos".
Muitos turistas acabaram se juntando à multidão. O movimento tem sido pacífico. A polícia, no entanto, prendeu 20 ativistas durante uma confusão em um ato em uma agência do Citibank.
O dia de manifestações contra a "ganância corporativa" foi convocado por ativistas americanos, ligados ao movimento Ocupe Wall Street, que há algumas semanas montou um acampamento em um parque de Nova York.
Em uma agência do Chase, cerca de 300 pessoas sacaram o dinheiro que tinham depositado no banco como forma de protesto. Os ativistas disseram que iriam investir em instituições menores, segundo o jornal The New York Times.
Em Washington, os manifestantes se concentraram no National Mall, o parque localizado em frente ao Congresso americano. Houve ainda protestos em outras cidades do país.
Protesto mundial
Os primeiros protestos do sábado ocorreram na Ásia e na Austrália. Os organizadores anunciaram marchas em até 951 cidades de 82 países, contra a "ganância corporativa".
Em Sydney, as ruas diante do Banco Central da Austrália foram tomadas por cerca de dois mil manifestantes, entre representantes aborígenes, sindicalistas e comunistas, segundo a agência Reuters.
Muitas marchas foram de pequeno porte. Em Taipei (Taiwan), por exemplo, onde manifestações do tipo são raras, cerca de cem pessoas se reuniram para criticar a má distribuição de riquezas.
Em Madri, na Espanha, milhares de pessoas se reuniram na Puerta del Sol, onde há alguns meses teve início o movimento dos "indignados".
Em Portugal, dezenas de milhares de manifestantes foram à sede do Parlamento, em Lisboa, e realizaram uma assembleia. Uma nova manifestação foi convocada para 26 de novembro.
Em Londres, pelo menos mil manifestantes tentaram invadir a Bolsa de Valores. Cinco pessoas foram presas.
No Chile, cem mil pessoas protestaram em Santiago. O país vive uma onda de manifestações estudantis, que pedem reformas no sistema.
Violência em Roma
Em Roma, a manifestação pacífica de milhares de pessoas foi quebrada quando indivíduos encapuzados começaram a depredar algumas lojas.
Carros foram queimados, bancos e lojas foram atacados e janelas foram quebradas. Pelo menos 70 pessoas ficaram feridas.
Alguns manifestantes tentaram conter os encapuzados. A polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água para conter os disturbios.
Um veículo blindado da polícia foi incendiado. Pelo menos 30 policiais estavam entre os feridos.
O primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, prometeu punir os responsáveis pela violência no protesto.
Reivindicações
Os primeiros protestos do tipo começaram em maio, em Madri, quando centenas de pessoas, conhecidas como os "indignados", tomaram a praça Puerta del Sol para mostrar seu descontentamento com os altos índices de desemprego da Espanha e com o que chamam de forte influência das instituições financeiras sobre as decisões políticas.
Ao mesmo tempo, observadores dizem que, enquanto os protestos na Espanha tinham demandas específicas, como cortes nas jornadas de trabalho para combater o desemprego, muitos dos movimentos inspirados no "Ocupe Wall Street" têm bandeiras mais vagas.
Os protestos ocorreram no dia da reunião dos ministros das Finanças do G20, na França. Os países do grupo, entre os quais os emergentes, prometeram dotar o Fundo Monetário Internacional (FMI) de "recursos adequados" para ajudar a Europa a solucionar a crise das dívidas soberanas, que ameaça a economia mundial.
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