Estado recuou do anúncio de corte de pontos dos trabalhadores grevistas. Categoria afirma que, em reunião, governo não apresentou nova proposta.
Governo de MT volta a negociar, mas professores decidem manter greve
A retomada do diálogo por parte do governo e o recuo em relação ao anúncio do corte de ponto dos trabalhadores da educação de Mato Grosso não foram suficientes para que a categoria decidisse encerrar a greve, que já chegou aos 60 dias. Em assembleia geral realizada na tarde desta quinta-feira (10), na Escola Estadual Presidente Médici, em Cuiabá, os profissionais decidiram, por unanimidade, manter a paralisação das atividades.
Os dois principais pontos de divergência entre o que os grevistas querem e o que o estado propõe são o início do reajuste, de forma parcelada, de 100% do salário dos trabalhadores e o pagamento da hora-atividade dos professores contratados. Sobre o primeiro item, a categoria quer que o aumento seja colocado em prática ainda em 2013; o governo propôs começar no próximo ano. Em relação à segunda reivindicação, os profissionais querem que a hora-atividade seja paga de uma só vez; o estado quer seja parcelado em três anos.
Em votação, professores de MT decidem manter a greve
(Foto: Carolina Holland/G1)
Na manhã desta quinta-feira, a secretária de Educão do estado, Rosa Neide de Almeida, e uma comissão de deputados estaduais reuniram-se com Henrique Lopes do Nascimento, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT). Foi entregue ao sindicalista um ofício no qual o estado reitera proposta já apresentada duas vezes à categoria.
No documento, o governo compromete-se a não efetivar os descontos dos dias de paralisação - medida que havia sido anunciada no dia 30 de setembro, numa tentativa de encerrar a greve. O estado assegurou ainda que o início do reajuste dos profissionais, cuja previsão era 1º de maio de 2014, poderá ser antecipado. Mas, somente se houver “sinalização de recursos novos”.
Nascimento afirma que o fato do governo ter voltado a negociar, após ter repetido várias vezes que já tinha feito tudo o que podia para colocar fim à paralisação, foi um avanço. Porém, segundo ele, não será suficiente para resolver a questão.
“O estado reabrir o diálogo com o sindicato é avaliado por nós como positivo, mas insuficiente para superar o impasse. Esperávamos que essa reabertura viesse recheada também de uma proposta nova. Esperamos que, na próxima sentada que tivermos com o governo, que ele tenha condições de reavaliar o seu posicionamento e apresentar algo novo para ser avaliado pela categoria”, afirmou.
Em relação à adesão ao movimento, que já chegou a aproximadamente 90%, conforme o Sintep-MT, agora, é de 79% das 744 escolas estaduais, de acordo com o próprio sindicato. "Isso nos dá a segurança de dizer que 85% dos trabalhadores estão com as atividades totalmente paralisadas”, disse Nascimento. Mato Grosso tem cerca de 39 mil funcionários na educação estadual.
O sindicalista avalia como natural a queda na quantidade de unidades escolares sem aulas. "Toda greve tem as baixas, é como uma guerra. Não dá para dizer que vai entrar com um percentual e sair com o mesmo número".
Dois desembargadores determinaram a volta de parte dos grevistas ao trabalho, mas nenhuma decisão foi cumprida. O piso salarial dos trabalhadores da educação é de R$ 1.566,64, pouco a mais que o nacional, que é de R$ 1.565,61.
Projeto na ALMT
O governo enviou nesta quinta-feira, à Assembleia Legislativa de Mato Grosso, para votação, a proposta feita aos grevistas. Porém, ainda não há previsão de quando o projeto de lei vai ser votado.
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