A usina nuclear Fukushima Daiichi, atingida por um gigantesco terremoto e tsunami em março, emitiu radiação na atmosfera que foi transportada por ventos e depositada pelas chuvas e pela neve no leste do Japão.
Autoridades de Setagaya, uma importante área residencial em Tóquio, cerca de 150 quilômetros a sudoeste da usina, informaram nesta semana que encontraram uma concentração radioativa em uma calçada perto de escolas, gerando preocupações na área mais populosa do país, distante da usina destruída de Fukushima.
O índice de radiação no local chegou a 3,35 microsieverts por hora nesta quinta-feira, mais alto do que em algumas áreas da zona de exclusão próximo à usina de Fukushima, o centro do pior desastre nuclear do mundo desde Chernobyl, há 25 anos. A unidade de microsievert mede a quantidade de radiação absorvida pelo tecido humano.
Mas o governo local encontrou algumas garrafas debaixo do piso em uma casa próxima que estava emitindo altos índices de radiação.
"Um aparelho de medição, quando foi apontado para elas, indicou índices muito altos. Níveis de radiação estavam excedendo o limite superior do aparelho", disse o prefeito de Setagaya, Nobuto Hosaka, em coletiva de imprensa.
Autoridades do Ministério da Educação disseram estar investigando a questão, inclusive o conteúdo das garrafas.
A emissora estatal NHK disse que ninguém estava morando na casa.
A cidade de Funabashi, próximo de Tóquio, disse que um grupo de cidadãos haviam detectado um índice de radiação de 5,8 microsieverts por hora em um parque, mas que uma pesquisa realizada pela própria cidade indicou que o índice mais alto na área era um quarto desse número.
Índices de radiação dentro do raio de 20 quilômetros da zona de exclusão ao redor da usina Daiichi variavam de 0,5 a 64,8 microsieverts por hora, segundo dados do governo nesta semana.
Cerca de 80 mil moradores foram obrigados a se retirar dessa zona depois do terremoto e tsunami.
Em Yokohama, estrôncio-90 radioativo, que pode provocar câncer nos ossos e leucemia, foi detectado em solo testado no telhado de um apartamento, segundo informações da mídia.
O estrôncio tem sido detectado dentro da zona de 80 quilômetros ao redor da usina de Fukushima Daiichi, mas essa é a primeira vez em que foi encontrado em uma área tão distante.
A exposição a fontes naturais de radiação em uma ano é de aproximadamente 2.400 microsieverts em média, segundo a agência nuclear da ONU.
O Ministério da Educação do Japão estabeleceu um padrão permitindo até 1 microsievert por hora de radiação nas escolas, enquanto tenta reduzir esse nível para 0,11 microsieverts por hora.
Não existe acordo entre os especialistas sobre os impactos de exposição à radiação na saúde, mas após Chernobyl houve um aumento significativo nos casos de câncer da tireóide em pessoas que foram expostas durante a infância.
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