Tropeço fez vice-Miss Brasil detectar doença
Antes do diagnóstico, a modelo achava que tantos tropeços e acidentes aconteciam porque ela era desastrada. Depois, a jovem suspeitou que poderia ser problema de grau. “Fiz todos os exames e não era isso, mas percebi que havia uma progressão na perda da visão. Fui à Europa e aos Estados Unidos para ver o que eu tinha. Em Nova York, uma junta médica descobriu que era retinose pigmentar”.
Ainda segundo a miss, os médicos norte-americanos disseram que ela poderia perder a visão gradativamente até os 60 anos. Contudo, mesmo com as limitações impostas pela doença, Janaina diz que não perde tempo pensando nisso. “Quero levar a vida normalmente, estudar, fazer as minhas coisas”.
Janaina está no 6º período de jornalismo em uma faculdade particular de Belo Horizonte e, desde o concurso, não para de viajar. Segundo ela, há trabalhos previstos, mas que não poderia adiantar quais seriam.
Ela admitiu que evita sair sozinha à noite e que para participar do concurso de Miss Brasil 2013 precisou memorizar o espaço da passarela para não cair. “Pra tudo tem um propósito. Tenho fé em Deus. Se ele quiser me curar, ele me cura. Com certeza tirarei um aprendizado disso”.
Janaina em desfile no concurso Miss Brasil 2013,
em BH (Foto: Junia Garrido/Divulgação)
Medicina
O presidente do Departamento de Oftalmologia da Associação Médica de Minas Gerais, Luiz Carlos Molinari, disse que a retinose pigmentar faz parte de um grupo de doenças hereditárias que provocam a perda gradativa da visão, por causa da morte celular de bastonetes e cones.
“Os sintomas vão depender da forma de como que eles são afetados. A morte dos bastonetes faz com que haja uma perda da visão periférica e noturna. Já [a morte] dos cones prejudica na percepção das cores e da visão central”, explicou.
Ainda segundo o médico, os sintomas são detectados mais frequentemente em adolescentes e adultos jovens, como é o caso da miss. Molinari confirmou que a doença é progressiva, mas que o processo varia de acordo com cada pessoa, de forma individual.
Ainda segundo o oftalmologista, nos Estados Unidos existem cerca de 100 mil pessoas portadoras da retinose pigmentar. No Brasil, de acordo com ele, não há dados oficiais.
Molinari explicou ainda que uma mutação de gens herdados do pai e/ou da mãe também pode ocasionar a doença.
O tratamento usual é a administração de vitamina A, de forma oral, sempre com acompanhamento médico. Terapias genéticas e o tratamento das células estão em estudo. “Um microchip está sendo implantado em pacientes, mas isso está em fase experimental”. Mas ressaltou que os cuidados com a baixa visão são úteis para que as pessoas se tornem independentes e vivam bem.
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