Após quase quatro horas de depoimento, os três engenheiros responsáveis pela manutenção dos bondes de Santa Teresa se recusaram a dar esclarecimentos precisos ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea-RJ) nesta terça-feira, na apuração do acidente que deixou seis mortos e 56 feridos em agosto.
Segundo Luiz Antônio Cosenza, que colheu os depoimentos, eles não souberam especificar quanto tempo os pedidos de compra de material e equipamento para a manutenção do sistema levavam para ser atendidos. Para o engenheiro, o trio perdeu a oportunidade de explicar a razão da precariedade do sistema.
"Acredito que ainda tem muito mais coisa para esclarecer. Precisamos saber porque aconteceu um acidente. Ficou claro que foi falha no freio, mas nós queremos saber se eles pediam equipamentos e não recebiam. Não sei se querem ficar com o prejuízo ou se não se atentaram para o problema", afirmou.
Na quinta-feira, o Crea-RJ vai ouvir Ana Carolina Vasconselos, que assumiu a diretoria de operações da Central, empresa do governo estadual responsável pela manutenção dos bondes, após a exoneração de Fábio Tepedino. O conselho também pretende convocar novamente os engenheiros.
Um laudo do Instituto de Criminalística Carlos Eboli (CCE) apontou que o bonde tombou por falha no sistema de freios, causada por falta de manutenção adequada. Os peritos encontraram peças do eixo fabricadas artesanalmente ou soldadas de forma precária. A superlotação foi apontada como agravante do acidente - o bonde levava 62 pessoas, 50% a mais que a sua capacidade normal.
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