O ex-secretário de Transportes do Distrito Federal Paulo César Barongeno afirmou nesta terça-feira (11) ao G1 que não participou da assinatura do contrato que deu direito a Cooperativa dos Profissionais Autônomos de Transporte Alternativo do Gama (Coopatag) de colocar os 50 micro-ônibus em funcionamento. Segundo Barongeno, o acordo foi firmado no final de dezembro de 2010, período em que ele estava de recesso.
A investigação da Polícia Civil identificou dois momentos de negociação entre os servidores do GDF e as cooperativas de transporte. Num primeiro momento, no final de 2008, teria sido cobrada propina de cooperados. Depois, em 2010, o GDF teria cancelado a concessão de uma cooperativa de ônibus para colocar no lugar a Coopatag, porque esta teria pago a propina.
O ex- secretário adjunto do governo de Rogério Rosso, José Geraldo Melo, teria sido o responsável pela autorização dada a Coopatag, de acordo com Barongeno. O ex-secretário afirmou ainda que o único documento do caso que ele teria assinado foi um pedido de análise jurídica da situação da cooperativa.
"É um procedimento comum, tanto que nem me lembro da data desse pedido. Até porque, para mim era mais um entre centenas de despachos que realizava", disse Paulo César Barongeno
O ex-secretário de Transportes afirma que voltou do recesso de fim de ano no dia 27 de dezembro de 2010, apenas para transferir a secretaria para o novo secretário do governo Agnelo. Barongeno disse que não teve tempo de tomar conhecimento das atividades realizadas no período que esteve ausente.
"Foi muito rápido. Tratei de outros assuntos só fiquei sabendo agora, quando houve a operação da polícia", disse.
Barogeno também negou que soubesse de qualquer irregularidade envolvendo a cooperativa ou Melo. "Vim a conhecê-lo apenas em outubro [ de 2010]. Era um técnico que podia me auxiliar, tinha experiência, e foi para a secretaria. Não soube de comentários, nada. Só em abril deste ano ouvi rumores sobre a investigação da polícia".
A polícia aguarda que o ex secretário adjunto, Júlio Urnau, se apresente ainda nesta terça. O delegado da Divisão Especial de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública (Decap), André Luiz Fonseca Sala, disse nesta segunda-feira (10) que vai pedir a prisão preventiva de Urnau caso ele não se apresente.
Na manhã desta segunda, José Geraldo de Melo, ex-assessor especial do governo José Roberto Arruda, se entregou à polícia. Melo prestou depoimento e está detido na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE). De acordo com informações da polícia, o ex-assessor negou ter participado do suposto esquema de cobrança de propina da Coopatag.
Operação
A Operação Regin, deflagrada pela Polícia Federal na última sexta (30), investiga justamente a cobrança de R$ 800 mil de propina por servidores da Secretaria de Transportes para que a Coopatag pudesse colocar seus veículos nas ruas.
Segundo a polícia, em 2008, integrantes do governo de José Roberto Arruda teriam pedido propina à Cooptag no valor de R$ 600 mil. Em depoimento, os cooperados contaram que foram procurados por Melo e o secretário adjunto Júlio Urnau, a pedido do então secretário de Transportes Alberto Fraga, para cobrar o valor, aumentado posteriormente para R$ 800 mil.
Os cooperados teriam demorado um tempo para levantar o dinheiro e quando conseguiram todos os lotes do transporte já haviam sido distribuídos. Melo então, assinou o cancelamento da concessão de outra cooperativa para ceder lugar à Cooptag, segundo a investigação. Isso teria acontecido em outra gestão do GDF, de Rogério Rosso, na qual Barongeno era secretário.
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