Defesa diz que Estado é culpado
A segunda etapa do julgamento dos acusados de participar do linchamento de três pessoas em Matupá, teve início nesta segunda (10). Nesta sessão, estão sendo julgados mais cinco envolvidos no crime. Segundo o juiz Tiago Souza Nogueira de Abreu, a tendência é que o resultado final saia apenas no início da madrugada devido ao número de réus, oitivas de testemunhas e debates entre a acusação e defesa.
Com o intuito de conseguir a absolvição dos réus, os advogados de defesa, estão tentando convencer os jurados de que o Estado seria o responsável pelo crime, pois não foi competente o suficiente para proteger a família que ficou refém dos bandidos por 15h.
Além disso, também jogam a culpa nos policiais, que na ocasião entregaram os bandidos nas mãos da população. Eles alegam que os réus foram coagidos pela polícia a cometer o crime. "Na realidade, os réus foram as verdadeiras vítimas dos assaltantes, que durante a tentativa de assalto mantiveram uma mulher grávida e crianças reféns e que a população escutava o grito de desespero da mulher e das crianças enquanto a negociação com a polícia se desenrolava", enfatiza um os advogados.
Os jurados que atuaram no caso são diferentes do julgamento anterior, por isso, foram convocadas outras 30 pessoas, das quais serão escolhidas sete para compor o conselho de sentença. Estão sendo julgados os réus, Donizete Bento dos Santos, Gerson Luiz Turcatto, Paulo Cezar Turcatto, Mauro Pereira Bueno e Airton José de Andrade.
O primeiro julgamento, realizado no último dia 4, se prolongou por cerca de 19h, envolvendo três acusados. Santo Caione e Alcindo Mayer foram absolvidos. Já Valdemir Pereira Bueno foi considerado culpado, sendo acusado de homicídio triplamente qualificado. Foi condenado a oito anos de reclusão em regime fechado.
A apreciação foi dividida em quatro etapas devido ao número elevado de réus e testemunhas. A terceira e quarta etapa devem acontecer nos próximos dias 10 e 24 deste mês, respectivamente.
Chacina
A chacina no Município de Matupá ocorreu em novembro de 1990. Na oportunidade, Ivacir Garcia dos Santos, Arci Garcia dos Santos e Osvaldo José Bachinan, após uma tentativa de assalto, teriam invadido uma residência e mantiveram duas mulheres reféns, por mais de 15 horas. A Polícia Militar foi acionada e os assaltantes se renderam. No entanto, eles foram capturados pelos populares, levados até a praça pública, espancados e queimados. A ação foi registrada por um cinegrafista e as imagens repercutiram em todo o mundo.
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