Presidente do Iêmen diz que renunciará nos próximos dias
O presidente do Iêmen, Ali Abullah Saleh, disse que irá deixar o poder nos próximos dias, após ter comandado o país por 33 anos.
Saleh vinha resistindo a pressões para deixar o cargo, mesmo após quase nove meses de protestos populares exigindo sua renúncia.
Em um discurso transmitido na TV estatal iemenita, Saleu afirmou: ""Eu rejeito o poder e continuarei a rejeitá-lo e deixarei o poder nos próximos dias"".
Os mais fortes aliados de Saleh, os governos da Arábia Saudita e dos Estados Unidos, também vinham pressionando para que ele deixasse a liderança do país.
Pressões
Tanto sauditas como americanos viam em Saleh um aliado no combate à rede Al Qaeda, que possui ramificações no Iêmen. Mas ambos os países temiam que a crescente instabilidade no país pudesse fortalecer o braço iemenita da rede islâmica fundamentalista.
Recentemente, muitos tradicionais aliados de Saleh se bandearam para o lado da oposição.
O presidente do Iêmen chegou a sofrer um atentado à bomba, em junho deste ano. Os explosivos foram escondidos dentro da mesquita do palácio presidencial.
O líder iemenita sofreu sérias queimaduras e passou meses se recuperando na Arábia Saudita, só retornando ao país no mês passado.
Mesmo neste sábado, quando Saleh manifestou a sua intenção de renunciar, o país voltou a ser alvo de protestos populares. Manifestantes bloquearam várias ruas da cidade de Aden, queimando pneus para impedir a passagem de carros.
Perda de aliados
O Iêmen é um dos países mais pobres do mundo, com 40% de sua população vivendo à base de US$ 2 por dia (cerca de R$ 3,5).
Saleh conseguiu se fortalecer ao longo de décadas em que combateu com êxito rebeldes muçulmanos xiitas no norte do país, militantes socialistas no sul e o ramo iemenita da rede Al Qaeda.
Sua escalada rumo ao poder teve início ainda na década de 70, quando o líder do então Iêmen do Norte, Ahmed al-Ghashmi, o indicou como dirigente militar de Taiz, a segunda maior cidade do Iêmen do Norte.
Em 1978, Saleh se tornou o líder do Iêmen do Norte, após Ghashmi ter sido morto em um atentado à bomba.
O conflito entre o Norte e o Iêmen do Sul só teve fim em 1994, quando Saleh foi eleito presidente do Iêmen unificado pelo Parlamento do novo país.
Comentários