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Nacional
Sábado - 08 de Outubro de 2011 às 14:27

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O IPCA acumulado do ano no país já ultrapassou o centro da meta de inflação do Banco Central: fechou setembro em 4,97%, bem acima dos 3,60% observados no mesmo período de 2010 – a meta é de 4,5%, com tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. Considerando os últimos 12 meses, o índice está em 7,31%, o mais alto desde 2005.

Os preços dos alimentos aumentaram 0,64% e pressionaram o índice nacional – o impacto do grupo foi de 0,15 ponto porcentual no índice cheio de setembro. Vários produtos ficaram mais caros em todo o país, com destaque para o feijão carioca (6,14%), o açúcar refinado (3,82%), o açúcar cristal (3,42%), o frango (2,94%) e o leite (2,47%). “A alta nos alimentos implica em perda de qualidade de vida para a população e o índice é o que mais pressiona as negociações trabalhistas. Preço da comida em alta leva a maiores reajustes salariais e, por consequência, mais inflação”, observa o professor da UFPR José Guilherme Vieira.

O resultado do acumulado dos últimos 12 meses distancia-se dos planos do governo em manter a inflação abaixo do teto da meta, de 6,5%. A intenção era fazer com que a inflação convergisse para o centro da meta no ano que vem, mas esta hipótese já é vista com desconfiança por especialistas. “Há uma tendência de baixa no mercado global, devido à situação anêmica dos EUA e da Europa. Com isso, as exportações brasileiras podem não encontrar espaço lá fora e ficar no mercado interno, pressionando uma queda. Porém, pela frente, internamente, temos as festas do fim de ano e o 13º salário, que devem manter a economia aquecida”, analisa Carlos Magno Bittencourt, professor de Economia da PUCPR.

As incertezas sobre o mercado internacional não permitem prever se o governo irá conseguir trazer a inflação novamente para o teto da meta no ano que vem, segundo o professor da UFPR. Vieira considera certo que a economia brasileira deve crescer menos e, por consequência, a inflação será menor em 2012. “Há um cenário nebuloso pela frente, que aponta para o fracasso da meta no ano que vem. A economia está aquecida e as medidas do governo têm um certo delay. Além disso, o dólar não deve voltar a cair e, se subir, deve trazer uma inflação importada. Convergir para a meta exige um desaquecimento forte”, ressalta Vieira.

As commodities seriam a saída para a queda da inflação, de acordo com o professor da UFPR. “Uma diminuição dos preços viria com a queda dos valores das commodities no mercado mundial. Caindo lá fora, cai no Brasil e gera uma pressão deflacionária”, opina. (JPS, com agências)


O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, subiu 0,53% no Brasil no mês de setembro e apresenta, no acumulado dos últimos 12 meses, alta de 7,31% – o resultado é o maior desde maio de 2005. Entre as 11 capitais e regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Curitiba registrou a maior alta no mês e o maior acumulado dos últimos 12 meses: 0,86% em setembro e 8,31% no acumulado.

Segundo o IBGE, o índice da capital paranaense estava “atrasado”, já que, no mês anterior, Curitiba teve o segundo menor IPCA entre as capitais, de apenas 0,18%. A alta na região da capital foi impulsionada, principalmente, pela subida dos preços nos grupos de alimentos e bebidas (1,02%), transportes (2,11%) e combustíveis (4,16%) – todos eles tiveram a maior elevação entre as localidades pesquisadas. Vários itens desses grupos apresentaram a maior elevação do país na capital paranaense. Em 2011, o índice é de 5,79%, também acima das demais capitais e da média nacional (4,97%).

O baixo desemprego na região de Curitiba – 3,8% em agosto, segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) – é apontado como uma das razões para o IPCA em alta. “A situação é de quase pleno emprego, com um mercado consumidor muito dinâmico. A economia está aquecida e gera uma inflação de demanda”, explica Carlos Magno Bittencourt, professor de Economia da PUCPR. “Não é surpreendente esta alta, porque o desemprego está em baixa há dois anos. É normal que tenha inflação, ela anda junto com economias aquecidas. A maior preocupação é com o setor de alimentos, tanto em Curitiba quanto no Brasil”, acrescenta o professor da UFPR José Guilherme Vieira.

O clima instável e a dependência dos municípios da região metropolitana na produção de alimentos são algumas da razões para o aumento dos preços. “Curitiba não produz, compra dos vizinhos. Mas, como os acessos não estão nas melhores condições e há demora no trânsito, gasta-se mais combustível no transporte, o que deixa os alimentos mais caros”, pondera Bittencourt.

Rock in Rio

“Curitiba apresentou o mesmo perfil do Brasil, com alta no setor de passagens aéreas, combustíveis, transportes e alimentação. Além disso, na região o IPCA não veio bem distribuído, acumulando um aumento de agosto e setembro. Agosto foi um mês de baixa inflação em Curitiba”, lembra Eunina Nunes, coordenadora dos índices de preços do IBGE.

Como razão para a alta das passagens aéreas, que avançaram em média 23,40% no país e foram o produto individual de maior impacto na inflação do mês (sendo responsáveis por 0,09 ponto porcentual do índice nacional de setembro), Eunina cita o feriado da Independência e o Rock in Rio. “O evento movimentou pessoas de todo o Brasil e as companhias podem ter aproveitado para tirar do ar as passagens mais baratas”, avalia.






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