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Polícia Brasil
Sábado - 08 de Outubro de 2011 às 08:59
Por: Kleber Tomaz

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Kleber Tomaz / G1
Um dos suspeitos (ao fundo, vestindo camiseta verde) de agredir casal gay deixa delegacia em SP após prestar depoimento
Um dos suspeitos (ao fundo, vestindo camiseta verde) de agredir casal gay deixa delegacia em SP após prestar depoimento
A Polícia Civil identificou nesta sexta-feira (7) os dois homens suspeitos de agredir um casal gay na madrugada de sábado (1º), na região da Avenida Paulista, em São Paulo, após saírem de um casa noturna. A informação foi confirmada ao G1 por policiais que participam da investigação e localizaram os envolvidos a partir dos nomes da lista de clientes que estavam no bar.

O depoimento de um dos rapazes acabou no início desta tarde na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que investiga se o crime de lesão corporal foi motivado por homofobia como haviam relatado as vítimas à polícia.

Em sua defesa, o suspeito confirmou ter brigado com os homossexuais, mas negou que o confronto tenha sido motivado por homofobia. O jovem, que não teve seu nome divulgado e aparenta ter mais de 20 anos de idade, não quis falar com a reportagem do G1 ao deixar a delegacia. Ele estava acompanhado de seu pai e de um advogado e agora irá responder ao crime em liberdade. A polícia também não deverá pedir a prisão do outro suspeito, que poderá se apresentar na próxima semana para dar sua versão do que teria ocorrido.

Segundo afirmou ao G1 o advogado do suspeito, Severino Ferreira, seu cliente deu uma versão diferente para a briga do havia relatado o casal de homossexuais. De acordo com sua defesa, ele e o colega é que foram agredidos pelo analista fiscal Marcos Paulo Villa, de 32 anos, e o namorado dele, um coordenador financeiro de 30 anos, que não quis dar o nome. Villa teve escoriações na nuca. O coordenador quebrou a perna direita na confusão e está internado num hospital com traumatismo craniano.

Segundo a polícia, o ataque ao casal gay ocorreu na madrugada do sábado na esquina das ruas Bela Cintra e Fernando de Albuquerque após todos os envolvidos deixarem o Sonique Bar. Câmeras de segurança de um posto de gasolina gravaram os suspeitos das agressões e as vítimas, mas não o momento da briga.

“Meu cliente e o colega dele nem sabiam que os dois homens que quiseram brigar com eles eram gays. Só souberam pela televisão. Meu cliente tem amigos gays, portanto a tese de que a briga foi motivada por homofobia é descabida. Meu cliente tem amigos gays, trabalha e estuda e nunca passou pela polícia antes”, disse o advogado Ferreira.

Ainda segundo o defensor do suspeito, seu cliente relatou à polícia que foi com o colega ao bar e paquerou duas garotas. “Elas não deram bola para eles. Em seguida, elas beijaram esses dois que brigaram com meu cliente e o colega dele. Para não ter confusão, meu cliente e o colega foram embora, mas esses dois os seguiram até o posto e os provocaram, partindo para cima deles, que só brigaram para se defender”, disse o advogado Ferreira, que também não quis falar o nome de seu cliente e nem do colega dele.

Ao deixar a Decradi, o jovem, que vestia camiseta verde, não aparentava ter marcas de lesões pelo rosto ou braços.

Mapa agressão a gays Avenida Paulista (Foto: Arte/G1)



De acordo com os policiais, o jovem ouvido nesta sexta confirmou que é ele quem aparece de camiseta azul clara nas imagens gravadas pelo circuito interno de câmeras de segurança da loja de conveniência do posto de combustíveis. A polícia já tem o nome e endereço do rapaz de camiseta preta que o acompanhava e teve o rosto flagrado por uma câmera. Segundo as vítimas, é o homem de camiseta escura quem quebrou a perna do coordenador. A identidade desse jovem não foi divulgada, no entanto, para não atrapalhar as investigações. Ele deverá se apresentar à Decradi na próxima semana para prestar esclarecimentos.

O advogado Ferreira também nega a informação de que seu cliente e o outro jovem tenham quebrado a perna de uma das vítimas. “Pelo que meu cliente disse, foi o próprio coordenador quem quebrou a perna sozinho ao cair da sarjeta”, disse o defensor de um dos suspeitos.

Apesar da confirmação do suspeito ouvido nesta sexta de que ele e o colega brigaram com Villa e o namorado dele, a Decradi deverá pedir ao casal para retornar à delegacia para fazer o reconhecimento dos envolvidos. Fotografias dos suspeitos serão mostradas às vítimas.

O crime
O casal gay afirma ter sido espancado por dois homens após sair do Sonique Bar, na Rua Bela Cintra, próximo à Avenida Paulista. Antes alega ter discutido com os agressores. De acordo com o boletim de ocorrência registrado no 78º Distrito Policial, nos Jardins, o motivo da desavença foi o assédio sofrido pelas amigas dos homossexuais, que não gostaram de ser paqueradas.

Ainda segundo a investigação, os agressores abordaram os gays na saída da boate e no posto de combustíveis Após os xingamentos, o coordenador levou um soco na boca, caiu e foi agredido com chutes que fraturaram sua perna direita. Villa sofreu lesões na nuca.

Gays (Foto: Reprodução/TV Globo)
Em sentido horário: a vítima Marcos Villa; o suspeito
da agressão; o casal gay no posto; e o coordenador
que teve a perna quebrada (Reprodução/TV Globo)



Os agressores estavam com roupas e tatuagens de surfistas. A investigação descartou a ação de grupos organizados de intolerância contra gays, como skinheads e neonazistas.

A polícia requisitou a lista com o nome dos freqüentadores da Sonique entre a noite de sexta-feira (30) e a madrugada do sábado, período que os envolvidos estiveram no local. Todos os clientes que vão à casa noturna fornecem os nomes e telefones para receberem os cartões de consumo.





Fonte: Do G1 SP

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