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Economia
Sexta - 07 de Outubro de 2011 às 19:00

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Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o professor Julio Gomes de Almeida aponta um viés otimista na confirmação de que a inflação oficial continuou crescendo em setembro. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou, nesta sexta-feira (7), que o índice dos últimos 12 meses atingiu 7,31%, o maior nível desde desde junho de 2005.

- Já era esperado que continuasse o aumento da taxa acumulada e mostra que nossa inflação segue muito pressionada. (...) O ponto positivo que a gente pode ver nesse resultado, que é negativo, é que está sendo armado um quadro de desaceleração da economia brasileira e de redução de preços de commodities a nível internacional, o que pode fazer a inflação, neste final de ano, mas sobretudo no ano que vem, ter uma desaceleração em direção à meta de 4,5% - avalia Almeida.

Para o economista, "a desaceleração da economia e a redução de preço de commodities nos mercados mundiais tenderão a reduzir esse ímpeto inflacionário num futuro próximo". Ele reconhece o risco de que a inflação ultrapasse a meta fixada pelo governo em 4,5%.

Ele preferia uma moderação mais forte do que a efetuada pelo governo com o crédito e os gastos públicos.
- Se a questão da inflação perdurar um pouco mais, o arsenal de medidas deveria pender para um controle maior do crédito e do gasto público.

Confira a entrevista.

Terra Magazine - Como o senhor avalia a inflação oficial, que aumentou em setembro e atingiu o maior índice desde junho de 2005?
Julio Gomes de Almeida - Já era esperado que continuasse o aumento da taxa acumulada e mostra que nossa inflação segue muito pressionada. O índice do mês de setembro foi 0,53%, que é alto. E a taxa acumulada em 12 meses é de 7,3%. Acho que o ponto positivo que a gente pode ver nesse resultado - que é negativo - é que está sendo armado um quadro de desaceleração da economia brasileira e de redução de preços de commodities a nível internacional, o que pode fazer a inflação, neste final de ano, mas sobretudo no ano que vem, ter uma desaceleração em direção à meta de 4,5%. Há uma polêmica entre os economistas sobre a intensidade da desaceleração da economia brasileira. Alguns economistas acham que esse processo é lento. Mas é um processo bastante intenso a partir deste final de ano, especialmente no contexto da recessão mundial. Acho, portanto, que o que a gente pode fazer para diminuir o impacto do choque de commodities que tivemos e que gerou essa inflação alta, a gente já está providenciando, de maneira que a inflação alta hoje é fruto do passado, mas a desaceleração da economia e a redução de preço de commodities nos mercados mundiais tenderão a reduzir esse ímpeto inflacionário num futuro próximo.

A meta anual de 2011 será ultrapassada?
O risco existe e é facilmente defensável pela autoridade monetária porque não é todo ano que ocorrem dois choques como tivemos em 2011. Primeiro choque: o de commodities, como já me referi. O segundo choque é o cambial, que está ocorrendo. Houve uma desvalorização da nossa moeda, que tem um impacto sobre a inflação. Sobre a forma de combater essas duas pressões, o governo já realizou as ações necessárias, ou seja moderar o crescimento da economia. Acho que há o risco de a inflação fugir aos limites da meta, mas os acontecimentos tornaram inevitável esse processo, como aliás já ocorreu no passado. Choques desse tipo aconteceram no país.

Qual é sua opinião sobre os ajustes econômicos relativos à inflação no Brasil?
As medidas já foram adotadas, o governo moderou o crescimento do crédito. Se eu pudesse escolher, optaria por uma moderação mais forte do crédito. O governo moderou o crescimento do gasto público. Eu diria que o ideal era moderar um pouco mais porque isso aliviaria a pressão de juros, que o governo também adotou, aumentando os juros. Se a questão da inflação perdurar um pouco mais, o arsenal de medidas deveria pender para um controle maior do crédito e do gasto público.





Fonte: terra

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