No próximo dia 20, Comissão de Relações Exteriores vai tratar desta problemática que atinge mais gravemente a Mato Grosso
CDL Cuiabá repudia Lei 133 e endossa proposta de movimento nacional
A grande commodity: cocaína. Moeda paralela: carros brasileiros roubados. O país: Bolívia. É neste contexto que surgiu a Lei 133/2011, de Regulação e Saneamento Veicular, pelas mãos do presidente Evo Morales. A medida implica em, praticamente, oficialização dos corredores de roubo de veículos Brasil-Bolívia com igual e crescente tráfico de drogas daquele país para o território nacional. A questão é polêmica, inclusive, naquele País. Os bolivianos fizeram manifestações na fronteira de Corumbá (MS) e Bolívia nos meses de agosto e setembro deste ano, contestando o alto valor dos impostos que Morales quer cobrar para legalizar os veículos brasileiros contrabandeados. Sobre os demais critérios de obtenção dos carros, não há controvérsias entre governo boliviano e sua população.
O assunto está mobilizando não só deputados e entidades em vários âmbitos de atuação, mas também senadores, e já tem data marcada para ser discutido. No próximo dia 20, o deputado republicano Emanuel Pinheiro, presidente Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Amparo a Criança, ao Adolescente e ao Idoso, vai integrar a reunião com a Comissão de Relações Exteriores, com outros deputados brasileiros que fazem parte da Frente Parlamentar Nacional de Direitos Humanos, para somar forças e mostrar que o “bom relacionamento diplomático com a Bolívia é apenas uma cortina de fumaça, que engana com a falsa sensação de união, reciprocidade e diplomacia”.
A temática foi apresentada pelo deputado estadual à diretoria da CDL Cuiabá, apontando que o primeiro passo será o repúdio à Lei 133/2011, que uma vez permanente poderá levar ao fechamento do consulado boliviano no Estado. Segundo ele informou, todos os segmentos empresariais de Mato Grosso e do Brasil, bem como as famílias, serão crescentemente atingidas pelos efeitos deste desrespeito de Morales a preceitos do estado colaborativo. “Não temos como debelarmos o combate ao crime organizado interno se tivermos o patrocínio do vizinho justamente à prática do crime”, pontuou Emanuel.
União de forças - “Como cidadão, pai, representante do povo e presidente desta Comissão, decidi mergulhar nos problemas sociais. E podemos dizer que a droga é o mal do século 21, é o câncer que tem dilacerado as famílias. Não conseguimos democratizar a Educação, Saúde e Segurança, porém, conseguiram democratizar a droga. Isso é revoltante”, declarou Pinheiro, contextualizando que o problema é nacional, já que ao falarmos de drogas, trazemos à tona um problema que pode atingir a todas as famílias brasileiras. Mato Grosso do Sul e Mato Grosso são os mais prejudicados no mapa do tráfico de narcóticos via Bolívia. No estado, temos 720 km de fronteira seca e 240 km alagada, tornando a população mato-grossense a vítima mais imediata numa situação que se agrava, no entanto, “aqui é só um corredor para a entrada das drogas, ela vai para todo o Brasil e mundo”, lembra o presidente da Comissão.
Para Paulo Gasparoto, presidente da CDL Cuiabá, o que não se pode conceber é que um país vizinho e fronteiriço ao nosso torne práticas ilícitas aceitas e legalizadas. “Ou mantemos relações diplomáticas em que há reciprocidade de direitos e deveres, ou mantemos as divisas resguardadas contra os problemas que podem advir dos países que não cooperam entre si ou não congregam dos mesmos valores de desenvolvimento socioeconômico ético e legalista’, coloca ele.
O vice-presidente da CDL Cuiabá, Célio Fernandes, afirma que a resolução da questão como ponto de honra para o Brasil, não só para Mato Grosso. “Primeiro foi a nacionalização das refinarias de gás e petróleo, agora legalização do roubo de carros. Estas são ações que não podemos aceitar. O governo brasileiro precisa reagir contra esta humilhação e roubo generalizado”.
Mercado – Segundo relatório mostrado pelo deputado Emanuel, os carros roubados em Mato Grosso são trocado por drogas na Bolívia, o que se converge na maior preocupação. “1 carro popular vale 1 kg de cocaína; 1 caminhonete Hilux vale 4 a 5 kg”, informa ele, completando que 1 kg da droga em Cáceres custa em torno de R$ 6 mil reais e na Bolívia, US$ 2 mil. A ligação entre narcotráfico e uma série de outros crimes de roubos a assaltos, a empresas e pessoas, também é preocupante. “E são roubados cerca de 60 veículos mês em Mato Grosso”.
Emanuel Pinheiro esteve na CDL Cuiabá neste último dia 3. (Assessoria de Imprensa CDL Cuiabá: Honéia Vaz/Foto: Vânia Costa).
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