Filha de Adriano de Campos diz que só "milagre" para prender assassino, que é considerado foragido
Para família de empresário, Justiça de MT é "frouxa"
A família do empresário Adriano Maryssael de Campos, assassinado aos 78 anos pelo vigilante Alexsandro Abílio de Farias, 28, dentro de uma agência do Banco Itaú, em Cuiabá, está revoltada com o encaminhamento do caso. Principalmente, em relação ao fato de que, até agora, o réu confesso está em liberdade e a Polícia não consegue prendê-lo.
Nesta semana, como MidiaNews já havia antecipado, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) anunciou o indiciamento de Alexsandro por homicídio qualificado. O vigilante, no entanto, é considerado foragido e é caçado pela Polícia Civil de Mato Grosso.
A filha de Adriano, a empresária Stephania Maryssael de Campos, 32, disse ontem (4), em entrevista ao site, que todo esse episório trágico que abalou a sua família é "uma prova de como a Justiça mato-grossense é frouxa".
"O fato de o vigia ter matado meu pai e tudo ter sido filmado, com testemunhas, e de ele ter conseguido driblar a própria Polícia, sem dúvida, mostra como a Justiça aqui é frouxa. Ele (Alexsandro) sabia muito bem o que fez e como se livrar do flagrante para, depois, fugir. É um tapa na cara da sociedade", desabafou Stephania.
A empresária disse acreditar que somente "um milagre" poderá colocar o assassino de seu pai atrás das grades. Ela revelou que a empresa de segurança privada Brinks, que presta serviços ao Itaú e contratou Alexsandro, nunca fez contato nem com ela e tampouco com o advogado da família.
"É uma total falta de respeito para com as pessoas. A Brinks colocou aquele desqualificado, sem preparo nenhum, para carregar uma arma que matou meu pai. Nunca tiveram a hombridade de nos ligar; de, pelo menos, mostrar respeito. Nada foi feito. Somente um milagre para pôr ele [Alexsandro] atrás das grades. Temos que esperar que ela caia numa blitz ou seja rastreado pelo sistema da Polícia", disse.
O advogado contratado pela família de Adriano, Flávio Bertin, disse ao MidiaNews que irá acompanhar de perto o andamento do caso no Judiciário, a fim de dar mais celeridade a todo o processo de julgamento de Alexsandro - que, caso não apareça, deverá ser julgado à revelia.
"Vamos agir como assistente de acusação. E acompanharemos o caso de perto, para dar a celeridade necessária, para que o Judiciário não demore tanto, como a Polícia demorou para concluir esse inquérito. O julgamento do acusado deve ocorrer à revelia, pois ele esta foragido e não há pistas de sua localização", disse Bertin.
Morte na agência
A morte do empresário Adriano de Campos chocou profundamente a sociedade cuiabana. Ele foi executado com três tiros à queima-roupa, no dia 23 de junho deste ano, dentro da agência do Itaú, na Avenida Carmindo de Campos, região do Coxipó.
Assim que atirou contra o empresário, o segurança Alexsandro Abílio roubou uma moto e fugiu do local do crime.
Ele ficou escondido por cerca de uma semana e se apresentou, acompanhado de dois advogados, após ter passado o período de flagrante, usufruindo do benefício de responder em liberdade, por possuir residência fixa, telefone e não haver ações criminais em seu nome.
Alexsandro disse, em depoimento, que estava sendo vítima de discriminação por parte do empresário, cliente da agência, e que sempre era insultado. O motivo seria a porta giratória, na qual o empresário, de vez em quando, ficava retido.
O vigia queixou-se que fez diversas reclamações à gerência do banco, tanto pelo problema da porta como também por parte do empresário, que o tacharia de "preguiçoso" e "lento", quando o equipamento travava.
O empresário Adriano era proprietário do restaurante que leva o seu nome. O estabelecimento, especializado em comida italiana, fica na Avenida Getúlio Vargas e é um dos mais tradicionais da cidade.
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