Polícia encerra investigação sobre caso da aluna morta no DF
As investigações sobre a morte da estudante Suênia Sousa Faria, 24, pelo ex-namorado e professor de direito Rendrik Vieira Rodrigues, 35, foram encerradas nesta segunda-feira (3), segundo informação da Polícia Civil do Distrito Federal.
"Já não há necessidade de mais informações. Eu estou satisfeito com o que foi feito. O caso saiu da esfera policial e está sob a responsabilidade do promotor e do juiz", declarou Alexandre Nogueira, delegado responsável pelo caso.
Nogueira afirmou que os resultados de investigações e interrogatórios foram encaminhados, nesta segunda, para o TJDF (Tribunal de Justiça do Distrito Federal), onde deverá haver decisão sobre a prisão do suspeito durante o julgamento do caso.
O delegado disse que o tribunal poderá determinar a soltura de Rendrik, pois a decisão de prisão preventiva não garante que ele fique sob custódia.
O advogado do professor, Andrew Faria, entrou com pedido de "relaxamento de prisão" na manhã de domingo (2).
"Acredito que Rendrik como técnico do direito, tentou fazer apresentação espontânea para responder o processo em liberdade. A nossa avaliação, no entanto, é a de que ele vá responder preso. As evidências são claríssimas", afirmou o delegado.
O TJDF informou que ainda não há determinação de prazos ou informações sobre quem serão o juiz e o promotor responsáveis sobre o caso.
Durante o último fim de semana, a Polícia Civil colheu depoimentos de Rendrink e de três testemunhas --o namorado de Suênia, uma amiga da jovem [que foi a última a ter contato com a vítima] e o policial que recebeu o corpo na delegacia.
A arma usada no crime não foi encontrada pela polícia, que a declarou "extraviada".
"Nós não vamos mais procurar a pistola. Rendrink nos acompanhou até o local e mesmo assim não a encontramos. Não há necessidade de achá-la, pois todas as evidências apontam para ele [Rendrik]", disse Nogueira.
Segundo o delegado, o professor deverá ser acusado de homicídio duplamente qualificado --em que houve morte por motivo fútil e impossibilidade de defesa por parte da vítima. O professor poderá ter de cumprir de 12 a 30 anos de prisão.
Rendrik permanece em prisão preventiva desde sábado (1), por determinação do juiz Paulo Afonso Correia Lima Siqueira, no DPE (Departamento de Polícia Especializada) de Brasília.
O advogado de Rendrik, Andrew Farias, declarou que a a defesa "tem muito a dizer", mas que ainda não é o momento.
"Ele continua preso e passa bem. A defesa está deliberando sobre a questão e faremos um pronunciamento quando o momento for oportuno", afirmou Farias.
CASSAÇÃO DE REGISTRO
De acordo com Claudimar Zupiroli, presidente do TED (Tribunal de Ética e Disciplina) da OAB-DF (Ordem dos Advogados do Brasil), foi instaurado "processo de suspensão preventiva do exercício da advocacia" contra Rendrik Vieira Rodrigues.
"Foi feito o que está na legislação, em que há previsão de suspensão do profissional que tiver conduta de repercussão negativa em relação à classe e à sociedade. Essa conduta foi entendida desse modo e foi instaurado o processo", informou Zupiroli.
A análise da suspensão deverá ocorrer dentro de 30 a 40 dias. Rendrik deverá ser notificado e apresentar defesa em uma sessão pública --em que o tribunal de ética deliberará sobre a suspensão. Caso o professor continue preso, será representado por um advogado.
O presidente da TED disse que, para que haja exclusão de Rendrik dos quadros da OAB, deve ser instaurado um procedimento de inidoneidade moral. Para tal, a ordem deve aguardar a decisão judicial do processo criminal.
ENTENDA O CASO
Na última sexta-feira (30), o professor de direito o UniCEUB (Centro Universitário de Brasília), Rendrik Vieira Rodrigues, 35, entregou à polícia o corpo de Suênia Sousa Faria, 24, por volta das 18h, na delegacia do Recanto das Emas, cidade-satélite de Brasília.
Ele assumiu ter matado a jovem com dois tiros na cabeça e um no tórax, após os dois terem tido uma discussão. Rendrik abordou Suênia com uma pistola 380 e forçou sua entrada no carro em que a jovem dirigia.
Rendrik e Suênia tiveram um relacionamento de aproximadamente um ano. A polícia afirmou que o professor cometeu o crime por não ter se conformado com a separação.
A família de Suênia afirma que a estudante era ameaçada pelo ex-namorado e que a jovem teria procurado a reitoria do UniCEUB --onde ela estudava e ele lecionava. A reitoria da instituição informou que não há nenhum registro de reclamação por parte de Suênia.
Depois do ocorrido, Rendrik foi demitido tanto pelo UniCEUB, quanto pela Faculdade Projeção --onde era coordenador do curso de direito.
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