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Nacional
Segunda - 03 de Outubro de 2011 às 17:09
Por: Camila Forato

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A 4ª edição da pesquisa sobre o mercado de cartões, encomendada pela Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) ao Instituto Datafolha, mostra que a posse de cartões de crédito, de débito e de rede/loja na população aumentou de 68%, em 2008, para 72,4%, em 2011. Nos estabelecimentos comerciais, os meios eletrônicos de pagamento também ganharam mais espaço e respondem pela maior fatia de faturamento, com 54%.

O estudo da Abecs, divulgado anualmente durante o CMEP (Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento), ouviu consumidores e lojistas de 11 capitais brasileiras para conhecer seu comportamento e suas impressões em relação aos meios eletrônicos de pagamento. O levantamento foi realizado nos meses de junho, julho e agosto de 2011, registrando a opinião de, aproximadamente, 4 mil pessoas.

Consumidores

Entre as modalidades de meios eletrônicos de pagamento, a posse do cartão de débito entre os consumidores foi a que mais cresceu nos últimos três anos, de 53%, em 2008, para 60%, em 2011. Em seguida vêm o cartão de crédito, de 48% para 53%, e o cartão de rede/loja, de 26% para 28%. No entanto, a evolução da posse de cartão de crédito nos últimos dois anos foi muito superior quando observada no universo da classe C: de 38%, em 2009, para 47%, em 2011.

No geral, a classe A/B detém a maior posse de cartões, com 88%. A classe C possui 68% e a classe D/E, 34% – com decréscimo de 6% em relação a 2008. Na base da pirâmide social, a pesquisa revela maior distância entre os valores de posse de cartão (34%) e de conta bancária (29%). A menor participação da classe D/E deriva da ascensão social vivida no Brasil nos últimos anos, já que muitas pessoas estão emergindo para a inflada classe C.

Quando avaliados por faixa etária, os consumidores detêm maior posse de cartão nos grupos de 25 a 34 anos (79%) e de 35 a 44 anos (76%). No entanto, os crescimentos mais expressivos de 2009 a 2011 ocorreram nos extremos etários: 60 anos ou mais (de 52% para 68%) e de 18 a 24 anos (de 65% para 71%). No mesmo período, a posse de meios eletrônicos de pagamento também registrou maior crescimento entre as pessoas de escolaridade média (de 70% para 78%) e do sexo masculino (de 68% para 74%).

Nas regiões pesquisadas, Brasília é a capital com maior índice de posse de cartões (85%), inclusive quando observadas as modalidades de débito e de crédito separadamente. Por outro lado, as menores taxas de posse são encontradas em Belém (68%), Manaus (65%) e no Recife (63%). Curiosamente, a maior posse de cartões de rede/loja é de Belém, com 58% – a menor é de São Paulo, com 20%.

Sobre a expectativa de crescimento, após ouvir os não possuidores de cartão sobre a intenção de adquirir esse meio de pagamento nos próximos 12 meses, o estudo revela que a posse de cartões deve crescer o mesmo que no total dos últimos três anos, chegando a 76% em 2012.

Hábitos e preferência

Além de confirmar o aumento da posse, a pesquisa revela uma tendência de crescimento no uso habitual de cartões, que subiu de 63%, em 2009, para 69%, em 2011 – apenas 3% abaixo do índice de posse (72%). A preferência pelo cartão em relação a outros meios de pagamento também cresceu, de 36% para 40% – considera-se aqui a opinião tanto de possuidores quanto de não possuidores de cartão. Quando observado somente o grupo de possuidores, a preferência sobe para 55%.

Os itens que os consumidores mais adquirem com o cartão encontram-se nos grupos: roupas, calçados e joias, bens duráveis para a casa e estadias de hotéis e pousadas, com 68% cada em relação aos que adquirem com meios não eletrônicos de pagamento. Em seguida, estão passagens para viagens (64%), material para construção (61%), combustível (57%) e produtos alimentícios (54%). Por outro lado, os artigos menos adquiridos com o cartão são jornais, revistas e livros (15%), educação (25%), lazer (29%) e serviços médicos, clínicas e hospitais (31%).

O papel moeda ainda é o responsável pela grande maioria dos gastos de menor valor, os chamados small tickets – jornais, revistas e livros (83%) e lazer (71%). Os meios eletrônicos continuam mais utilizados para valores acima de R$ 50: mais de R$ 500 (84%), entre R$ 100 e R$ 500 (80%) e entre R$ 50 e R$ 100 (63%). Abaixo disso, o cenário é o inverso, com predominância do dinheiro em papel: entre R$ 20 e R$ 50 (cartão, 39%, e dinheiro, 61%), entre R$ 10 e R$ 20 (cartão, 18%, e dinheiro, 83%) e até R$ 10 (cartão, 9%, e dinheiro, 91%).

O hábito de compra pela internet com meios eletrônicos de pagamento também cresceu. Em apenas um ano, de 2010 a 2011, o número de pessoas que costumam pagar com cartão de crédito na web pulou de 9% para 15%.

Nos últimos anos, ainda segundo o estudo, reduziu consideravelmente a parcela de portadores que já deixaram de pagar o valor integral da fatura. A porcentagem de pessoas com esse hábito caiu de 49%, em 2008, para 36%, em 2011. Deste último valor, 30% já quitaram a dívida em questão.

Avaliação dos meios eletrônicos

Na opinião dos consumidores entrevistados, os principais pontos fortes do cartão de débito são a segurança (a pessoa não precisar andar com dinheiro), a agilidade no pagamento, a praticidade e a grande aceitação. Como pontos fracos, a segurança também é citada (risco de clonagem e roubo), bem como o imediatismo do débito (dinheiro sai da conta na hora) e problemas com o equipamento. Vale ressaltar que 25% dos portadores de cartão não apontam nenhum aspecto negativo ao cartão de débito.

Quando o assunto é cartão de crédito, são mencionados como pontos positivos a segurança (a pessoa não precisar andar com dinheiro), o parcelamento sem juros, a agilidade e o prazo mais longo para o pagamento. Os entrevistados relacionam como pontos fracos as altas taxas de juros, a anuidade, a falta de controle nos gastos e a falta de segurança (risco de clonagem e roubo).

Grupo emergente

Na edição de 2011, o estudo detectou a presença de um grupo com predominância da classe C e chegou a algumas conclusões. Em geral, os possuidores de cartão dessa camada da população têm escolaridade média, recebem de três a cinco salários mínimos e não possuem muitos itens financeiros. O cartão de crédito tem altas taxas de adesão e preferência para esse público, que aproveita a função de parcelamento de forma mais intensiva.

Esses consumidores pertencem a um segmento em ascensão social, que vê o cartão de crédito como um aliado no seu processo de inserção no mercado de consumo. Estão satisfeitos com as empresas de cartão e têm uma visão prática e otimista quanto ao consumo e à utilização dos meios eletrônicos de pagamento, com maior disposição para conhecer novos produtos financeiros.

Estabelecimentos comerciais

Ao ouvir comerciantes afiliados nas 11 capitais brasileiras que participaram da pesquisa, constatou-se que os meios eletrônicos de pagamento respondem por mais da metade do faturamento dos estabelecimentos e sua participação tem aumentado a cada ano, atingindo 54% em 2011. O cartão de crédito é o meio que possui a maior fatia, com 36%, seguido pelo dinheiro em papel, com 33%, e pelo cartão de débito, com 18%. O cheque é o que mais perdeu espaço nos últimos anos, de 7%, em 2008, para 3%, em 2011.

Ao decidir aceitar e incentivar o uso de meios eletrônicos de pagamento, os lojistas consideram a garantia de recebimento o principal fator de influência. Em uma escala de 0 a 10, esse quesito teve média de 8,3, mesma nota verificada no ano passado. Esse também é o principal ponto forte do cartão na opinião do comércio, seguido por segurança para o estabelecimento e para o cliente, praticidade, agilidade e aumento das vendas.

Sobre as empresas de cartão, o item com o qual os varejistas estão mais satisfeitos é a rapidez e a facilidade da operação. Em seguida, estão: questões financeiras – recebimentos, extratos etc. – e atendimento do representante comercial (2º lugar), manutenção dos equipamentos, site e central de atendimento (3º lugar), promoções e incentivos (4º lugar) e condições comercias – aluguel, taxas e parcelamento (5º lugar).

Abertura do mercado de credenciamento

A pesquisa de 2011 verificou, junto aos estabelecimentos comerciais afiliados, suas percepções em relação ao setor de cartões após um ano da abertura do mercado de credenciamento, que ocorreu em julho de 2010. Para a grande maioria (70%), a situação melhorou após a abertura; e para 27%, o cenário continua igual. Apenas 3% acham que a situação piorou no período.

A questão da tecnologia é a que mais recebeu indicação de melhoria por parte dos entrevistados, com 59%. Em seguida, estão produtos oferecidos (52%), disponibilidade de rede (48%), segurança (47%), qualidade das máquinas (44%), preços/taxas (34%) e ofertas/promoções (29%). Nesses dois últimos itens, a maioria (55% e 67%, respectivamente) acha que a situação continua igual, ou seja, que nada mudou após a abertura do mercado.

Em relação aos estabelecimentos comerciais, o estudo conclui que a aceitação de cartões de crédito e de débito já está consolidada. A intenção de continuar oferecendo essa forma de pagamento é motivada pela garantia de recebimento e pelo desejo de prestar o melhor atendimento aos clientes. É possível constatar também que a abertura do mercado de credenciamento gerou alta aprovação e sinaliza impacto positivo na relação do comércio com as empresas de cartão.

Sobre a Abecs

A Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) é uma entidade sem fins lucrativos, que, desde a sua criação em 1971, atua em prol da expansão sustentável do mercado de meios eletrônicos de pagamento no Brasil. Seu quadro associativo corresponde a 95% do setor e reúne os principais players, entre emissores, credenciadoras, bandeiras e processadoras. As atribuições e prerrogativas da entidade incluem o desenvolvimento e a implantação do Código de Ética e Autorregulação, que estabelece as normas éticas que norteiam as relações de suas associadas com a sociedade. Com vistas ao crescimento sustentável do contingente de portadores, a Abecs mantém um programa de educação financeira voltado para o usuário final dos meios eletrônicos de pagamento.






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