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Quinta - 29 de Setembro de 2011 às 15:42
Por: KATIANA PEREIRA

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Divulgação
Chacina de Matupá foi filmada por cinegrafista (destaque) e exibida pela CNN: 21 anos sem punição
Chacina de Matupá foi filmada por cinegrafista (destaque) e exibida pela CNN: 21 anos sem punição

As 18 pessoas - entre civis e militares - acusadas de queimar vivos três assaltantes, em praça pública, na cidade de Matupá (695 km ao Norte de Cuiabá) começam a ser julgados na próxima terça-feira (4).

Ocorrido há 21 anos, em 23 de novembro de 1990, o crime repercutiu nacionalmente, devido à barbárie e à frieza dos acusados. Até hoje, nenhum dos indiciados foi punido.

O Júri Popular será realizado no fórum de Matupá. Serão quatro julgamentos. Na terça-feira, sentarão nos bancos dos réus os acusados Vademir Pereira Bueno, Alcindo Mayer, Arlindo Capitani e Santo Caioni. Os outros 14 acusados serão julgados nos dias 10, 17 e 24 de outubro.

Consta na denúncia do Ministério Público que a chacina ocorreu após uma tentativa de roubo frustrada. Foram queimados vivos em praça pública Ivacir Garcia dos Santos, 31, Arci Garcia dos Santos, 28, e Osvaldo José Bachinan, 32.

Eles eram acusados de fazer reféns, por mais de 15 horas, duas mulheres, sendo que uma delas estava grávida, e quatro crianças.

A Polícia Militar foi avisada e cercou o local, que, rapidamente, foi tomado por populares. Após serem rendidos, os três acusados foram levados até a praça central da cidade e foram queimados vivos. T

oda a ação foi filmada por um cinegrafista da região. As imagens chocantes foram divulgadas em jornais nacionais.

"A escolta policial, que tinha o dever de assegurar a integridade dos presos, não conseguiu impedir que estes fossem entregues à população, que, com requintes de crueldade, efetuou disparos de arma de fogo, desferiu pauladas e chutes e, posteriormente, ateou fogo sobre as vítimas, que ainda estavam vivas", destacou a promotora de Justiça que atua no caso, Daniele Crema da Rocha.

Também consta no processo que, "na época dos fatos, a revista Veja (1991, p.77) noticiou que "depois de duas semanas de guerra no Golfo Pérsico, a CNN ainda não exibiu nenhuma cena de barbárie igual à registrada por um cinegrafista amador da cidade de Matupá, MT... Três assaltantes rendidos e algemados foram massacrados pela multidão - que, entre gritos e aplausos, jogou gasolina nos assaltantes e queimou-os até a morte".

Justiça lenta

Oito anos após o crime, no dia 9 de fevereiro de 1998, a Justiça determinou que 18 denunciados deviam ir a Júri Popular. Entre as pessoas denunciadas no processo estão: Valdemir Pereira Bueno, Alcindo Mayer, Elo Eidt, Luiz Alberto Donim, Faustino da Silva Rossi, Santo Caione, Arlindo Capitani, Mario Nicolau Schorr, Donizete Bento dos Santos, Mauro Pereira Bueno, Paulo César Turcatto, Elymd da Silva, Gerson Luiz Turcatto e Airton José de Andrade.

Além dos populares, sete policiais militares foram denunciados pelo MPE, por supostamente não terem agido adequadamente para conter a população.

Os sete PMs denunciados pelo Ministério Público Estadual são: Edyr Bispo Santos, Lúcio da Silva, Juraci Messias dos Santos, Valter Benedito Soares, Lucir Ramos da Silva, Ciro Lopes e Jacles George de Melo.
 






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