Três novas Bases Comunitárias de Segurança em Salvador vão proteger os moradores do bairro Nordeste de Amaralina e comunidades do entorno, onde vivem cerca de 120 mil pessoas. A inauguração foi realizada na manhã desta terça-feira (27), com presenças de autoridades e lideranças comunitárias.
A área, que abrange também Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho, vai contar com atuação de 360 policiais militares treinados para o desafio de diminuir os índices de criminalidade das comunidades consideradas perigosas por conta da alta incidência de tráfico de drogas.
Capitã Roseane Guimarães é a comandante geral
das três Bases (Foto: Tatiana Dourado/G1)
As bases vão funcionar no Centro Social Urbano (CSU), no Beco da Cultura, no Nordeste de Amaralina; na Rua Coréia do Sul, na Chapada do Rio Vermelho; e na Rua Nova República, ao lado do colégio Dionísio Cerqueira, na Santa Cruz. Serão utilizadas 16 viaturas, além de 25 câmeras, com uma central de monitoramento na base do Nordeste.
Agora, são quatro unidades de segurança comunitária em funcionamento na Bahia. A primeira foi inaugurada no bairro do Calabar, no mês de abril. As bases são inspiradas nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que funcionam em comunidades no Rio de Janeiro.
O dia de inauguração contou com as presenças do governador do estado, Jaques Wagner, do prefeito de Salvador, João Henrique, do secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, além do comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Alfredo Braga de Castro. Todos começaram a programação com uma visita a cada uma das bases.
"O trabalho é mais complexo do que no Calabar porque a população aqui é dez vezes maior e a área é mais extensa. Esse processo de policiamento no Nordeste já tem sido feito. Estamos no final do processo. Os traficantes estão pulverizados e nosso objetivo é evitar que eles voltem e formem novos líderes. Agora eles estão dispersos", avalia o secretário de Segurança Pública.
Base no Subúrbio
Durante o evento, o governador Jaques Wagner anunciou que o próximo passo será a instalação de uma Base Comunitária de Segurança no Subúrbio Ferroviário de Salvador. "A previsão de instalação é para o começo do próximo ano, estamos estudando o local. Vamos continuar esse processo que vem dando certo. O governo considera a primeira experiência positiva, mas o trabalho nao é de curto prazo, são três, quatro, até cinco meses", considera.
PM´s e crianças do bairro conversam frente à vista
da Base do Nordeste (Foto: Tatiana Dourado/G1)
Expectativa
Moradores acompanharam a chegada de autoridades para a cerimônia de inauguração e muitos deles se mostraram confiantes com a novidade e na expectativa de que a presença dos PMs mude o clima de tensão que existia nas ruas do bairro.
Muitos deles ainda demonstram receio de comentar sobre mudança na rotina por receio de retaliação dos traficantes do bairro. "Eu não posso falar, eles [traficantes] podem confundir. Mas saiba que estou muito feliz", diz uma senhora, que não quis ser identificada, que reside em frente à Base de Santa Cruz.
Há alguns meses, não era possível realizar atividades simples como pegar um táxi a qualquer hora do dia ou encontrar um caminhão vendendo gás nas ruas da comunidade. Tudo isso era impedido por conta da dominação de traficantes na área. "Tem dias que não posso nem brincar, até para comprar pão não podia demorar", conta um menino de 9 anos, que prestigiava a chegada de autoridades na Base da Chapada esta manhã.
A operação nas três sedes será comandada, assim como no Calabar, por uma mulher, a capitã Roseane Guimarães, de 31 anos. Segundo informações da PM, a nomeação oficial da comandante ainda não saiu.
“Queremos integrar a comunidade com a Polícia Militar. Faremos ações de aproximação para conhecer todo mundo que mora no bairro. Fui escolhida pelo meu perfil e pela sensibilidade da mulher, que tem mais trato com as pessoas”, avalia a comandante. Guimarães conta que a primeira meta estipulada é proporcionar a integração dos moradores com a PM.
A capitã Maria Oliveira, comandante da Base do Calabar, esteve presente na solenidade e diz estar feliz com a nomeação de mais uma mulher. "Nós somos amigas, formamos juntas em 2002. Foi uma feliz escolha", aposta. Na ocasião, ela comentou para o G1 que até o momento nenhum homicídio foi registrado desde a implantação da base no Calabar, que completa cinco meses nesta terça-feira (27). "Estou muito contente com os índices. Não tivemos nem homicídios nem ocorrências graves, como facadas e agressões", diz.
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