São Paulo não precisa de um terceiro aeroporto
Marcelo Guaranys, diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil diz que é melhor expandir a estrutura aeroportuária já existente; ele defende o aumento de voos por hora e Congonhas 24 horas durante a Copa.
É ineficiente construir um terceiro aeroporto em São Paulo, diz Marcelo Guaranys, 34, diretor-presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Para ele, Cumbica (Guarulhos) e Viracopos (Campinas) atenderão a demanda dos próximos 20 anos.
A ideia do novo aeroporto voltou a ser defendida semana passada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Na entrevista, Guaranys fala sobre os planos para a Copa e a possibilidade de Congonhas operar 24h durante o mundial. Leia a seguir:
Folha - De zero a dez, qual a chance das concessões de Guarulhos, Viracopos e Brasília saírem em dezembro, como a Anac prevê?
Marcelo Guaranys - D ez. O governo inteiro está trabalhando para isso de forma diferenciada. É uma determinação da presidenta. O prazo realmente é apertado, mas conseguimos fazer.
O cronograma original previa entregar o edital ao TCU (Tribunal de Contas da União) em 17 de agosto. Isso ainda não aconteceu.
A gente ajusta determinadas datas de acordo com as dificuldades. A intenção é mandar para o TCU no começo do mês que vem. Esse primeiro prazo era de estudos; é tudo ajustável no cronograma.
FOLHA - Se houver recurso no TCU o processo fica comprometido...
O cronograma depende das nossas variáveis. O que não for controlável dificulta um pouco. A gente tem trabalhado para nos antecipar a esses riscos. Se a gente sentir que o TCU está percebendo algum problema, mudamos.
FOLHA - Vai dar tempo de as obras ficarem prontas?
Com certeza. As concessões de aeroportos vão contribuir para aumentar a estrutura para a Copa.
FOLHA - Quais medidas emergenciais a Anac vai adotar para evitar o caos aéreo na Copa?
A Copa vai ser como um Natal, com alta ocupação. Não existe a possibilidade de ter mais voos aprovados do que a capacidade do aeroporto e do espaço aéreo. Isso era no passado. Desde 2007 estamos ajustados.
No fim do ano o aeroporto fica mais cheio, mas todo mundo chega ao seu destino tranquilamente. A Copa será isso, uma situação que a gente já sabe gerenciar. Com uma vantagem: a infraestrutura expandida.
FOLHA - A Infraero defende a ampliação da operação de Congonhas na Copa, retomando níveis anteriores ao acidente da TAM. Fala-se também em Congonhas 24 horas. Qual a viabilidade disso?
As duas medidas são razoáveis e aumentar o número de voos por hora é tecnicamente possível. Na Copa todos farão esforço para que tudo funcione bem. Temos de aproveitar de fato o máximo de infraestrutura que puder.
FOLHA - O governador Geraldo Alckmin retomou a ideia do terceiro aeroporto. São Paulo precisa de mais um?
Nossa avaliação é que a demanda dos próximos 20 anos será coberta por Guarulhos e Viracopos.
Eventualmente precisaremos estudar outros sítios, mas podemos estudar também investimentos em aeroportos que já existem na região de São Paulo, como São José dos Campos.
FOLHA - Está descartado o terceiro?
Não estou dizendo isso. Se pode existir um terceiro aeroporto, é opção de governo, não depende da Anac.
Do ponto de vista da agência, entendemos que seria ineficiente construir uma outra estrutura se eu já tenho uma que pode ser expandida.
Um novo aeroporto pode ter um impacto grande sobre o fluxo aéreo e atrapalhar a aproximação de aeronaves nos outros aeroportos.
FOLHA - Existe possibilidade de retomar o projeto de terceira pista em Guarulhos?
Não existe.
FOLHA - O concessionário que investir em Guarulhos e Viracopos vai ter garantias de que não haverá concorrência com um terceiro aeroporto?
O risco de novos aer oportos ele sempre vai ter.
FOLHA - As empresas querem discutir a carga horária dos pilotos. Piloto brasileiro voa pouco?
É possível discutir. A nossa carga horária é mais baixa que a americana e europeia. Os EUA estão analisando a redução, mesmo assim mantendo mais alta que a nossa. Do ponto de vista da agência, interessa saber se a carga proposta demonstra problema de segurança.
FRASES
"A Copa vai ser como um Natal, com alta ocupação. No fim do ano o aeroporto fica mais cheio, mas todo mundo chega ao seu destino tranquilamente. A Copa será isso, uma situação que a gente já sabe gerenciar. Com uma vantagem: a infraestrutura expandida"
"A demanda dos próximos 20 anos será coberta por Guarulhos e Viracopos. Eventualmente precisaremos estudar outros sítios, mas podemos estudar também investimentos em aeroportos que já existem na região de São Paulo, como São José dos Campos"
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