Júnior Assunção volta ao evento após quatro anos de ausência e garante estar preparado
Capoeirista brasileiro faz preliminar da decisão dos meio-pesados no UFC
Depois de um show brasileiro na última edição, no Rio de Janeiro, o UFC desembarca novamente nos Estados Unidos, em Denver, justamente o local em que tudo começou, em 1993. Naquela ocasião, apenas Royce Gracia representou o país. Desta vez, no UFC 135, que tem como luta principal o confronto entre Jon Jones e Quinton “Rampage” Jackson, que vale o título da categoria meio-pesado, o único brasileiro será o pernambucano Júnior Assunção, que volta ao evento após quatro anos de ausência. “Esperei com paciência este momento e estou preparado”, diz.
Ele vive nos Estados Unidos desde 1994 e vai enfrentar o estreante Eddie Yagin, do Havaí. Júnior espera mostrar que tem condições de permanecer no UFC e conta que amadureceu nestes anos de exílio, nos quais passou lutando em eventos menores. “O Júnior de quatro anos atrás só estava empolgado em lutar no UFC, não estava preocupado em ganhar ou perder. Era um menino em um parque de diversão. Hoje sou um homem, completamente diferente, e quero ser campeão, fazer meu nome, meu pé de meia. Sei que a luta é imprevisível e tudo pode acontecer, mas estou bem tranquilo e acostumado a esta estrutura.”
Um dos diferenciais do lutador é que ele começou na capoeira. “Iniciei quando era criança, pois minha mãe achava que eu precisava praticar alguma coisa. A capoeira tem um estilo muito diferenciado e espero provar isso no combate. Ela tem uma movimentação e uma ginga que faz com que os golpes se tornem imprevisíveis”, afirma. Tanto que está preparando uma surpresa para seu adversário de hoje. “Vou meter uma ponteira na boca dele”, revela, sobre o golpe que é parecido com o que Anderson Silva usou para derrubar Vitor Belfort no UFC 126. “Aquilo lá não foi nada de Steven Seagal, muitas modalidades usam esse chute”, explica, lembrando que treinou com Lyoto Machida, outro especialista nos pontapés.
Júnior também pratica outras lutas, como o jiu-jítsu, e sabe da importância desta luta para sua carreira. Aos 30 anos, garante estar preparado para o desafio. “Eu estou mais maduro e profissionalizei meu treino. Antes, tinha um trabalho em tempo integral e isso consumia meu tempo. Hoje eu acordo, treino, me alimento, descanso, vivo disso. Foi um investimento que fiz e tive de aceitar várias coisas, entre elas a dificuldade financeira e ter a família longe, pois meus filhos moram no Brasil. Quando tracei minha meta, já sabia disso.”
Aliás, superação é uma palavra que faz parte da trajetória do brasileiro, que é irmão de Raphael Assunção, que venceu sua luta no UFC Rio. Ele foi com a mãe para os Estados Unidos em 1994, como ilegal. “Fomos como turistas e ficamos lá. No Brasil nós éramos pobre e passávamos por dificuldades financeiras. Mudamos para os EUA para ter mais oportunidades”, explica. Ele ficou ilegal por um tempo, mas depois a situação foi regularizada. “Adquirimos cultura e devo isso à minha mãe. Ela fez muito sacrifício pela gente e acho que, se ficasse no Brasil, talvez tivesse sido malandro, sem futuro.”
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