Militares uruguaios acusados de abusar da haitiano depõem na Justiça comum
Os cinco capacetes azuis uruguaios --como membros das forças de paz da ONU são chamados-- acusados de abusar de um jovem haitiano depuseram hoje, pela primeira vez, perante a Justiça comum no Uruguai, dias depois de a Justiça militar ter decretado sua prisão.
Os marinheiros prestaram depoimento, durante várias horas, a um juiz penal em um processo aberto por uma denúncia feita pelo Ministério da Defesa do Uruguai pelo suposto abuso. "Simplesmente foram tomadas as declarações de todos os marinheiros (...) Não há nenhum tipo de declaração contraditória entre eles", afirmou o advogado de defesa, Gustavo Bordes, ao sair da audiência.
O advogado disse que seus clientes "estão muito aflitos" e que é importante que a Justiça interrogue a vítima.
JUSTIÇA MILITAR
Na segunda-feira (17), os cinco uruguaios integrantes da Minustah (Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti) foram processados pelos delitos de desobediência --com pena mínima de quatro meses e máxima de quatro anos-- e omissão --pena máxima de três anos-- durante o serviço. O abuso não foi levado em consideração pela Justiça militar porque não configura como delito militar.
Desde que chegaram ao Uruguai, os militares estão presos.
ENTENDA O CASO
O haitiano Johnny Jean, 18, acusou quatro soldados uruguaios de espancá-lo e estuprá-lo em fins de agosto em uma base militar em Port Salut, no sul do Haiti, país devastado por um terremoto em janeiro no ano passado.
Um vídeo de 45 segundos, gravado por um soldado com a câmera de um telefone celular, mostra o rapaz sem as calças, sobre um colchão. Ele é segurado por dois marinheiros enquanto um outro, despido, se aproxima.
A ONU, o Haiti e o Uruguai iniciaram múltiplas investigações para determinar o ocorrido.
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