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Nacional
Quinta - 22 de Setembro de 2011 às 21:53

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No próximo dia 26 de setembro, a Câmara Municipal de São Paulo entregará a Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo, “in memoriam” à professora da USP, Amélia Império Hamburger, por relevantes serviços prestados à comunidade. O Decreto Legislativo 34, de 21 de junho de 2011, foi proposto pelo vereador Jamil Murad (PCdoB).
 
Amélia Império Hamburger nasceu em 12 de julho de 1932, em São Paulo, e participou ativamente da vida universitária e da pesquisa nas áreas de física nuclear e do estado sólido, história da física e da ciência, ensino de física e filosofia da ciência. Como professora da Universidade de São Paulo, contribuiu para o desenvolvimento da ciência e das entidades científicas da cidade e do Brasil. Faleceu aos 78 anos no último dia 1º de abril de 2011.
 
Biografia

Quando Amélia entrou na USP, em 1951, o curso de Física fazia parte da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, na Rua Maria Antonia. A vida intelectual e política na faculdade era intensa. Amélia participou do movimento estudantil, integrando o Grêmio da FFCL, onde conviveu com estudantes e professores de outras áreas. Na faculdade, conheceu Ernst Wolfgang Hamburger com quem se casou logo após a formatura. Juntos foram fazer pós-graduação nos Estados Unidos.
 
Formada em 1954 no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), fez mestrado na Universidade de Pittsburgh (1957/1959), onde trabalhou com física nuclear experimental no antigo acelerador ciclotron. Fez ainda estágio avançado (1965/1967) na Universidade Carnegie Mellon, também em Pittsburgh, onde publicou trabalho em física do estado sólido.
 
De volta ao país, foi uma das fundadoras e diretora da Sociedade Brasileira de Física, instituição de importante atuação no debate sobre questões fundamentais da sociedade brasileira, desde a luta contra a ditadura militar e pela democracia até questões ligadas à pesquisa nuclear e energética. Em 1969 a SBF foi presidida, na prática, pelo seu secretário-geral Ernst W. Hamburger, em razão das prisões e aposentadorias impostas aos cientistas. Os dois se mantiveram ativos na solidariedade a amigos, colegas e alunos perseguidos pelos militares.

Em 1970, Amélia e seu marido foram presos e processados pelo regime militar. A prisão gerou protestos de cientistas no Brasil e no mundo, que possivelmente contribuíram para a soltura de ambos.

Apesar da prisão e da tentativa de controle ideológico das universidades, do clima de terror e atos de violência e prisões arbitrárias, Amélia manteve seus ideais progressistas. Foi conselheira e diretora da Associação dos Docentes da USP (Adusp) e, mais recentemente , membro do Conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
 
Amélia foi ainda professora do Instituto de Física da USP por mais de 40 anos, participando também do Instituto de Estudos Avançados (IEA), onde iniciou a organização da obra científica de Mário Schenberg, cujo primeiro volume, publicado em 2009, lhe valeu o prêmio Jabuti em 2010 na categoria Científica.


Amélia trabalhou também na preservação da memória científica. Organizou os arquivos históricos do Instituto de Física da USP e publicou dois livros sobre a história da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo: Fapesp 40 anos – Abrindo Fronteiras e Fapesp, uma história de política científica e tecnológica, em parceria com Shozo Motoyama e Marilda Nagamini. Ainda na área de história da ciência publicou A ciência e as relações Brasil-França 1850-1950, resultado de seu trabalho com o Prof. Michel Paty, da Universidade de Paris VII, onde foi pesquisadora visitante em 1988.

Após a morte precoce de Flávio Império – artista múltiplo, arquiteto, cenógrafo, artista visual, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP – Amélia se dedicou também a conservar e divulgar o trabalho do irmão, fundando junto com Renina Katz, Mauricio Segal, Modesto Carvalhosa, Maria Theresa Vargas, entre outros amigos, a Sociedade Cultura Flávio Império. Nessa qualidade publicou com Renina Katz o livro Flávio Império, Teatro e Artes Plásticas (Edusp, 1998) e impulsionou diversas exposições sobre o seu trabalho.
 
A relação de Amélia com as artes ainda se dá por seus filhos: Cao Hamburguer ("O ano em que meus pais saíram de férias") é cineasta, Sônia Hamburguer produtora de cinema, Vera Hamburguer diretora de arte, Fernando Hamburguer é fotógrafo e Esther Hamburguer professora de Comunicações e Artes.
 
Amélia viveu uma vida original e significativa. Sua contribuição para o debate de ideias, para a formação de pesquisadores e para o desenvolvimento da ciência inspira a homenagem póstuma da Câmara Municipal, que com esta e outras ações semelhantes, de valorização de cidadãos atuantes, procura aprofundar a presença do legislativo municipal no cotidiano da cidade.

Serviço:
Sessão Solene da Câmara Municipal de São Paulo para entrega da Medalha Anchieta e Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo
Local: Salão Nobre do Palácio Anchieta
Viaduto Jacareí, 100, 8º andar
Dia 26 de setembro de 2011, segunda-feira, às 19h
Oradores convidados: Maria de Lourdes Montes; Ana Maria Almeida Carvalho; físico Olival Freire Jr.; Sílvio R. Salinas Alfredo Bosi e
Fernando Henrique Cardoso.
Participação da pianista Juliana D’Agostini.
Mais informações: gabinete do vereador Jamil Murad – (11) 3396-439






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