O fogo ameaça destruir dois patrimônios naturais em Mato Grosso. Há uma semana, o maior ninhal de pássaros aquáticos do Pantanal, localizado às margens do Rio Paraguai, está com seu entorno tomado pelas chamas, que se comportam conforme a intensidade dos ventos.
À noite, o fogo se alastra timidamente por baixo da vegetação acumulada e, durante o dia, devido à presença de rajadas de vento, labaredas surgem a todo momento. Satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectaram apenas na tarde desta segunda-feira (19) três focos de incêndio a poucos metros de distância do ninhal.
Às vésperas do início da primavera, o ninhal está repleto de pássaros que ainda não conseguem voar, o que os deixa em uma situação de completa vulnerabilidade. Em entrevista ao G1, o analista ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Marcos Ferramosca, informou que o ninhal se estende por uma faixa de 800 metros da margem direita do rio, na área da fazenda Descalvados, e concentra pelo menos 10 mil aves de várias espécies, entre garças, cabeças secas e colhereiros.
O analista avalia que, caso o incêndio não seja apagado, todo o ecossistema da região será afetado. “O ninhal tem hoje filhotes de todas as fases reprodutivas e é um local que controla a cadeia alimentar da região. Muitas espécies de aves dependem do ninhal para se reproduzir e outras para sobreviverem. Se o fogo chegar até o ninhal teremos uma perda inestimável”, disse Ferramosca.
O guia turístico do Pantanal, Laércio Sá, esteve neste domingo (18) com um grupo de turistas no ninhal. Ao G1, o guia disse que os turistas sentiram dificuldade de respirar por conta da fumaça gerada pelo incêndio. “Nós passamos duas vezes para fotografar o ninhal e tinha bastante fumaça. Os turistas se sentiram um pouco incomodados para fotografar”, confirmou.
Ao G1, um dos arrendatários da fazenda Descalvado, Antenor Santos Alves Júnior, explicou a dificuldade em combater as chamas no ninhal. “A massa de vegetação acumulada vai apodrecendo e se torna combustível para os incêndios. Atrás do ninhal tem até um riacho, mas os ventos carregam as chamas de qualquer jeito”, disse.
Para o Corpo de Bombeiros, o fogo segue controlado. O órgão informou que no final de semana houve reforço de brigadistas e equipamentos, com bombas de água, comida e mangueiras ao local. O órgão disse que bombeiros de Cáceres e Pontes e Lacerda estão no local para combater o incêndio.
Fogo se alastra pelos morros do parque estadual
Gruta da Lagoa Azul (Foto: Reprodução/TVCA)
Um incêndio também ameaça destruir o parque estadual Gruta da Lagoa Azul, em Nobres, cidade a 151 quilômetros de Cuiabá. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o incêndio se concentra na região de morros do parque e se aproxima da comunidade de Bom Jardim.
O local é um santuário ecológico que recebe todos os dias centenas de turistas que estão à procura de mergulhos em cavernas.
De acordo com o coordenador adjunto do Comitê de Gestão do Fogo, Dércio Silva Santos, uma equipe de 11 bombeiros em três viaturas segue nesta terça-feira (20) para combater as chamas.
Ainda segundo o Centro de Monitoramento de Incêndios do estado, o parque Nacional do Xingu, no extremo norte mato-grossense também registra incêndios. O órgão informou ao G1 que os parques Serra de Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade, e Santa Bárbara estão sendo monitorados.
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