Palestina: Abbas pode recuar de decisão de pedir aval da ONU
Quatro dias antes do discurso do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, na ONU, quando está previsto o pedido ao Conselho de Segurança do reconhecimento do Estado palestino como membro pleno das Nações Unidas, o embaixador palestino na Alemanha, Salah Abdelshafi, disse que a decisão ainda pode ser revertida.
Citado pelo site israelense Ynet, Abdelshafi afirmou que a liderança palestina "ainda está negociando com os europeus". "Estaremos dispostos a abrir mão do pedido ao Conselho de Segurança se, em troca, os países europeus nos apoiarem na Assembleia Geral".
Se conseguir o apoio da maioria dos países membros da ONU, a Autoridade Palestina poderá obter o reconhecimento como país não-membro, com status de observador.
Situação indefinida
De acordo com a representante da União Europeia (EU) para assuntos estrangeiros, Catherine Ashton, o bloco ainda não tem uma posição definida de como votaria sobre o Estado Palestino.
A expectativa é que a França, por exemplo, se posicione a favor da declaração do Estado Palestino, enquanto é esperado que a Alemanha se oponha.
Segundo analistas, se a nova proposta se confirmar e Abbas abrir mão de se dirigir ao Conselho de Segurança, tanto a UE quanto os Estados Unidos evitarão situações diplomáticas delicadas, o que também poderia beneficiar as relações entre a Autoridade Palestina e alguns países ocidentais.
A UE, por exemplo, seria poupada de expor a ausência de uma posição conjunta sua sobre a questão palestina, enquanto os Estados Unidos evitariam a piora de suas relações com o mundo árabe, caso vetassem o Estado Palestino no Conselho de Segurança.
Divergências internas
A nova proposta também pouparia a liderança palestina de expor divergências importantes entre Abbas e o primeiro-ministro, Salam Fayad. Fayad, que está preocupado com as ameaças de sanções econômicas por parte dos Estados Unidos, é contra o pedido ao Conselho de Segurança.
Segundo Maja Kocijancic, porta-voz de Catherine Ashton, "os próximos dias serão críticos". "São os palestinos que terão de decidir sobre seus próximos passos, porém nós continuamos acreditando que uma solução construtiva, que tenha o apoio mais amplo possível e possibilite a retomada das negociações, será o único e melhor caminho para alcançar a paz e a solução de dois Estados que os palestinos desejam", disse.
Já o ex-primeiro-ministro britânico e enviado especial do Quarteto (EUA, UE, ONU e Rússia) para o Oriente Médio, Tony Blair, disse neste domingo, em entrevista à rede de TV americana ABC, que estão sendo realizados esforços para dissuadir os palestinos de ir ao Conselho de Segurança nesta semana.
"O que nós vamos procurar nos próximos dias é uma maneira de obter algo que permita a seus pedidos e a suas aspirações legítimas de criar um Estado ser reconhecidos, e ao mesmo tempo de fato renovando a única coisa que vai produzir um Estado - que é uma negociação direta entre os dois lados", disse Blair.
"Acho que é possível preencher as lacunas e produzir tal documento, e se nós fizermos isso, então, de alguma maneira, aconteça o que acontecer na ONU, isso ocorrerá em uma atmosfera de menos confronto, e pode até ocorrer de uma maneira que ajude o processo de negociação e de criação de um Estado", afirmou o ex-premiê britânico.
Israel
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou que irá defender pessoalmente a posição do país na Assembleia Geral da ONU.
Netanyahu afirmou que irá a Nova York para dizer "a verdade". Segundo o premiê, Israel está disposto a retomar as negociações diretas com os palestinos, mas estes tentam impor "condições prévias" e insistem em tomar a medida "unilateral" de se dirigir à ONU.
Em setembro de 2010, Abbas disse que não voltaria à mesa de negociações se Israel não parasse a construção de assentamentos na Cisjordânia e não aprovasse as fronteiras anteriores à guerra de 1967 como base para as negociações.
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