Trabalhadores reivindicam piso salarial e expõem dossiês sobre a falta de infraestrutura das escolas
Vigília na Seduc denuncia descaso do governo com a Educação
Profissionais da rede estadual de ensino em Mato Grosso estão em vigília na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), durante todo o dia de hoje (12), para reivindicar piso salarial de R$ 1.312,00, hora atividade para os interinos e infraestrutura adequada para as escolas. Às 14h, a categoria sai em caminhada, passando pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), Secretaria de Estado de Administração (SAD), Palácio do Governo, e retorna à Seduc para encerrar o ato público, no final da tarde. Dossiês sobre as condições das escolas e cartas aos deputados também estão expostos.
Com cerca de 500 pessoas só do interior do Estado, a paralisação também visa denunciar o descaso do poder público com a Educação. “O governo não investe os recursos necessários para garantir Educação de qualidade, por isso não atende as condições mínimas de valorização profissional e investimentos que reivindicamos”, protestou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), Gilmar Soares Ferreira.
Até o final de setembro, deve ocorrer nova audiência entre o sindicato e a Seduc para avaliação das receitas do Estado com o objetivo de implementar o piso de R$ 1.312,00. A expectativa é que as reivindicações sejam atendidas, já que a possibilidade de os profissionais entrarem em greve novamente não está descartada. “Nós suspendemos o movimento em julho, mas continuamos em estado de greve”, recordou o sindicalista.
Estudos realizados pelo Sintep/MT já comprovaram que existem recursos para o pagamento do piso. Só no período de janeiro a abril de 2011, o governo de Mato Grosso teve um superávit primário - diferença entre o que foi arrecadado e o que foi gasto pelo Estado - de R$ 775 milhões. A meta prevista no Orçamento para este ano era de R$ 329,7 milhões. O valor reivindicado pelos trabalhadores da educação representa apenas R$ 26 milhões, ou seja, 5,83% do que o Executivo Estadual deixou de investir no bem-estar dos cidadãos. “O que falta é vontade e determinação política”, ressaltou a diretora do polo regional Oeste II do Sintep/MT, Lúcia de Lourdes.
Dossiês das escolas – A categoria também expõe relatos sobre as más condições das escolas e cartas aos deputados na vigília. De acordo com Gilmar Soares, cerca de 200 das 730 escolas da rede estadual apresentam péssimas condições de infraestrutura. Algumas estão há mais de 30 anos sem passar por reformas, outras enfrentam problemas nas instalações elétricas, falta de climatização, entre outros.
Um exemplo é a Escola Estadual Licínio Monteiro, em Várzea Grande. “A reforma teve início em 2008, mas até agora não terminou. Alguns alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos), com idade avançada, desistiram de frequentar as aulas em função da falta de ar condicionado que até hoje não foi instalado”, contou a coordenadora pedagógica Cecília Aparecida Duarte. Segundo ela, que leciona na Licínio Monteiro há 21 anos, o forro colocado recentemente na instituição, que já tem 37 anos, começou a cair.
Sem quadra de esportes - A situação também é delicada no interior do Estado. Segundo a vice-presidente da subsede do Sintep/MT em Canarana, a 838 km de Cuiabá, Maira Pertile, a vigília é um momento importante de denunciar a falta de investimento na Educação. “Esperamos avançar no piso salarial, que já demonstramos ser possível, e também nas condições do ensino”, frisou. Na Escola Estadual Paulo Freire, onde a sindicalista dá aulas, os cerca de 850 alunos treinam Educação Física no pátio da escola, pois não há quadra de esportes.
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