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Nacional
Segunda - 12 de Setembro de 2011 às 13:08

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O Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, o maior do país, transformou-se em um grande canteiro de obras.

Com turnos que se estendem até as 22h, sete dias por semana, mais de mil trabalhadores se misturam à circulação de mais de 300 caminhões e uma centena de equipamentos de grande porte, como retroescavadeiras, tratores e rolos compactadores.

Trata-se de uma corrida contra o tempo para afastar o fantasma de um novo caos aéreo durante o período da Copa do Mundo de 2014. No total, serão investidos R$ 1,2 bilhão pela Infraero para elevar a capacidade do aeroporto dos atuais 24,9 milhões de passageiros/ ano para 58,1 milhões a partir de dezembro de 2013.

Em 31 de agosto foi aberto aos passageiros o Módulo Operacional (MOP), ou "puxadinho" como ficou conhecido, com 1,2 mil metros quadrados e capacidade para embarcar um milhão de passageiros/ ano.

As novas instalações custaram R$ 2,86 milhões e estão sendo usadas exclusivamente por três companhias áreas (Passaredo, WebJet e Avianca), desafogando um pouco o caótico movimento nas salas de embarque dos dois únicos terminais de Guarulhos.

Terminal 3 só ficará pronto depois da Copa

Paralelamente, estão sendo construídos outros dois terminais "remotos". O primeiro, com inauguração prevista para dezembro, vai custar R$ 86 milhões e terá capacidade para embarque e desembarque de 5,5 milhões de pessoas anualmente. O outro só ficará pronto no fim de 2012.

Também já começaram as obras de terraplanagem do Terminal 3, este o maior empreendimento do projeto de ampliação do aeroporto, orçado em R$ 752,9 milhões.

As pistas também passam por ampliação e revitalização. Esses dois empreendimentos contam com a cooperação técnica do Exército, que mobilizou um batalhão com 150 homens para o trabalho.

Mais de 20 engenheiros da Infraero e do Exército cuidam para que os prazos sejam cumpridos à risca. Afinal, tudo que está sendo feito terá que estar pronto antes do início da Copa do Mundo, em junho de 2014.

De todo o conjunto de obras previsto, só o Terminal 3 será concluído depois da Copa -- apenas 40% do complexo estarão prontos em dezembro de 2013.

Nessa primeira etapa, segundo o superintendente de empreendimentos da Infraero, Otavio Almeida, a operação parcial do novo terminal permitirá um acréscimo de 18,8 milhões de passageiros por ano à capacidade do aeroporto. - Todo o projeto foi pensado e vinculado a materiais que deem agilidade à obra - afirmou Almeida.

Sistema viário deve ficar pronto até dezembro

Até dezembro, as obras de revitalização do sistema viário (com a construção de ruas, estacionamentos e toda a infraestrutura para embarque) e a extensão de uma das pistas devem estar concluídos para atender os novos terminais remotos.

Um deles está sendo construído na área de um antigo terminal de cargas da Vasp, abandonado. Será transformado numa moderna sala de embarque, para atender parte dos voos domésticos.

Em 2012, será a vez do velho terminal de cargas da Transbrasil ser transformado em outra área "remota" de passageiros. Juntos, esses novos terminais vão adicionar nove milhões de passageiros à capacidade do aeroporto, ao custo de R$ 108,2 milhões.

O planejamento da Infraero, porém, poderá ser alterado por problemas ainda pendentes. Um deles é uma ação movida pela Procuradoria da República, que pede na Justiça a paralisação imediata das obras do primeiro Terminal Remoto, na área da Vasp.

O projeto, alega a Procuradoria, não passou por licitação pública, sob alegação de "urgência provocada", e a construtora Delta assumiu a obra.

Jardim Nova Portugal: 594 famílias no cami nho

No caminho da construção do Terminal 3 e da ampliação das pistas há 594 famílias do Jardim Nova Portugal, que moram há 30 anos no terreno da Infraero e precisam ser retiradas. As casas ficam muito próximas da pista.

Sem a remoção dos moradores, a pista não será homologada e não poderá ser utilizada. Um decreto da presidente Dilma Rousseff, publicado no Diário Oficial da União de 27 de junho, já autorizou a Infraero a desapropriar a área e indenizar as famílias.

Esse processo, segundo os moradores, se arrasta há mais de 15 anos. Em 2009, a Infraero cadastrou todas as 348 casas e estimou o custo da indenização em R$ 38 milhões.

O valor da indenização hoje é maior e despertou a cobiça de uma legião de advogados e corretores de imóveis, que vêm assediando os moradores com promessas de representá- los em ações para receber o dinheiro do governo.

- Agora, a toque de caixa, eles querem que a gente saia, mas não veio ninguém da Infraero falar com a gente. Eles precisam saber que estão tratando com pessoas que nasceram, cresceram e tudo que têm está aqui - disse o metalúrgico José Linauro Gomes dos Reis, líder comunitário do bairro Nova Portugal.

Adauto Felipe da Silva, que tem um pequeno comércio quase na divisa da cerca que separa as casas da pista do aeroporto, já está "cansado" de ouvir falar da desapropriação do Jardim Nova Portugal. Segundo ele, quando comprou o terreno, há 16 anos, foi avisado do problema, mas de lá para cá nada aconteceu. - Falam, falam e não dá em nada - disse ele.





Fonte: O Globo

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