Setor deu vexame em 2010; lojas virtuais já estão ampliando centros de distribuição para garantir entregas em dezembro
Sites buscam resolver problemas para atender demanda de Natal
O comércio eletrônico deu vexame no fim do ano passado, quando muitos sites não conseguiram entregar as encomendas a tempo para o Natal. A enxurrada de reclamações arranhou a confiança dos consumidores nas lojas virtuais, que precisarão provar neste ano que melhoraram o serviço.
Segundo Alexandre Umberti, diretor do e-Bit, consultoria especializada no setor, as vendas online apresentam taxas mensais de crescimento de 30% neste ano. Mantido esse ritmo, os pedidos pela internet alcançarão R$ 2,8 bilhões somente na temporada de fim de ano, entre os dias 15 de novembro e 23 de dezembro de 2011.
Grandes operações de comércio eletrônico ouvidas pelo iG, como Walmart, Nova Pontocom (que opera os sites do Pão de Açúcar, Extra, Ponto Frio e Casas Bahia) e Comprafácil, afirmaram que já estão investindo na ampliação de seus centros de distribuição e em logística para evitar problemas no fim do ano. As empresas veem oportunidade para ganhar participação de mercado dos concorrentes.
A Nova Pontocom já alugou no mês passado dois novos centros de distribuição, um em São Paulo e outro no Rio, para conseguir manter uma forte taxa de crescimento nas vendas no fim do ano.
O Walmart também está em negociações avançadas para alugar de um novo centro de distribuição no País. O grupo já possui dois depósitos em São Paulo para atender as operações de internet e, com o novo armazém, ganhará mais fôlego para expandir suas vendas online.Segundo Flávio Dias, diretor de comércio eletrônico do Walmart no Brasil, as vendas online do grupo crescem 60%. "Estamos crescendo duas vezes mais que o mercado", afirma.
O Comprafácil investiu R$ 160 milhões na construção de um novo centro de distribuição, com 94 mil metros quadrados, que estará concluído nos próximos meses. "O local é três vezes maior do que o espaço que tínhamos no ano passado", diz o diretor de marketing, Leandro Siqueira. O site espera um crescimento entre 45% e 50% na receita em 2011.
Transporte
Os maiores problemas concentram-se no transporte das mercadorias. E isso esbarra nos Correios, que, por ser uma estatal, não possui a mesma velocidade de investimento do setor privado", afirma Umberti, do e-Bit. Os Correios respondem por 60% das entregas no Brasil.
No ano passado, as reclamações foram tantas que o Ministério Público do Rio de Janeiro investigou quatro empresas - Americanas.com, Compra Fácil, Ponto Frio e a Ricardo Eletro, que pertence ao grupo Máquina de Vendas. O caso mais grave foi o da Americanas.com, que chegou a ser proibida de vender no Estado.
Gol
O diretor de cargas da Gol, Carlos Figueiredo, afirmou que os problemas na entrega do comércio eletrônico no ano passado não foram provocados por falhas das companhias aéreas.
"Na Gol, temos um grande fluxo de voos e espaço suficiente para transportar os produtos no porão dos aviões", diz o executivo. Mesmo assim, a empresa investiu na construção de um novo centro logístico no aeroporto de Guarulhos, com 10 mil metros quadrados. O complexo entrará em operação antes do Natal, em novembro deste ano.
Apagão de mão de obra
Apesar dos investimentos que estão sendo feitos na ampliação das frotas de caminhões, o País enfrenta ainda um problema de escassez de mão de obra. "Há mais caminhões, mas não há caminhoneiros para dirigi-los", afirma Umberti.
O Walmart decidiu contratar neste ano cargas inteiras dos caminhões, arriscando-se a pagar pela ociosidade do transporte, para não correr riscos com as entregas, afirma Dias. A varejista ainda está contratando mais pessoas para as operações de "picking" (coleta de mercadorias nos armazéns) e "packing" (empacotamento dos pedidos).
O Compra Fácil também triplicou o número de transportadoras terceirizadas contratadas para realizar as entregas. "2010 foi uma lição e neste ano não teremos os mesmos problemas", diz.
Nota fiscal eletrônica
Em 2010, os sites afirmaram que a implementação da nota fiscal eletrônica justamente no fim do ano amplificou os problemas com as entregas. As falhas nos sistemas tumultuaram as operações, em um período já complicado para o varejo. Neste ano, pelo menos, as empresas já não terão as mesmas dificuldades.
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