A cirurgia durou cerca de sete horas e é considerada complexa. Ainda assim, os médicos avaliam que o procedimento foi bem sucedido e aguardam as reações do bebê. Cauê está internado na UTI cardiológica do hospital se recuperando da cirurgia e não tem previsão de alta médica. Seu estado de saúde é estável.
O bebê, que tem pouco mais de um mês de vida, foi transferido de Salvador na terça-feira (6) em uma UTI aérea cedida pela Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). A criança viajou acompanhada da mãe, Tâmara Nascimento, e aos cuidados de um médico na aeronave.
Na quarta-feira (7), por causa de um problema nos testes de transfusão de sangue, os médicos chegaram a descartar a realização da cirurgia nesta quinta. A situação foi resolvida e Cauê apresentou condições para ser submetido à cirurgia.
Diagnóstico
Cauê tem uma doença rara no coração, chamada hipoplasia. O lado esquerdo do coração dele é menor que o direito, o que impede que o sangue seja bombeado para o restante do corpo. O pai Alessandro Lima Ribeiro conta que o problema de saúde só foi detectado no segundo dia de vida do bebê. "Minha mulher teve uma gravidez super tranquila, os exames não apontaram nada disso", afirma.
Alessandro lembra que quase 48 horas depois do parto cesáreo, realizado no dia 31 de julho, o casal se aprontava para deixar a maternidade do Hospital Português, em Salvador, quando a criança começou a apresentar sintomas de insuficência cardíaca, ficando com o corpo roxo e falta de ar.
"Minha mulher e Cauê já tinham recebido alta, inclusive, ele tinha mamado normalmente. A médica até hoje não sabe como ele encontrou forças para isso diante desse problema tão grave no coração. Quando vi ele daquele jeito, chamei os médicos e ele foi levado direto para a UTI", relata.
A cardiopediatra Zilma Verçosa, que fez o diagnóstico da doença em Cauê, explica que a hipoplasia poderia ter sido detectada através de um exame chamado ecocardiograma fetal. "A melhor maneira de se transportar uma criança nessas condições é na barriga da mãe, antes dela nascer", explica. A especialista acrescenta que a maneira correta de tratar crianças com hipoplasia é quando elas já nascem em uma unidade especializada e passam por cirurgia nas primeiras horas de vida.
Segundo o pai de Cauê, na ultrassom morfológica, exame que apontaria a necessidade do ecocardiograma fetal, não houve indicação de que a mãe teria de passar por um novo exame. Alessandro e Tâmara não sofrem de doença cardíaca.
Luta para transferência
Cauê nasceu no Hospital Português, em Salvador, e assim que teve o problema detectado foi solicitada a transferência dele para o Hospital Santa Izabel, que também fica na capital baiana, e atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O bebê só foi transferido para a unidade de saúde no dia 30 de agosto, mas o hospital não tem estrutura para a cirurgia.
A médica que cuida do bebê conseguiu uma autorização para fazer o procedimento no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, e a Secretaria Estadual da Saúde da Bahia cedeu uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea. Mas como o plano do menino não cobre a cirurgia em outro estado, ele precisaria ter o nome incluído na Central Nacional de Regulação da Alta Complexidade (CNRAC), e fazer o procedimento pelo SUS. Na quinta-feira (1º), Cauê conseguiu ter o nome incluso no CNRAC.
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