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Internacional
Quinta - 08 de Setembro de 2011 às 07:29
Por: Ligia Hougland

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Ligia Hougland/Especial para Terra
Richard Knutson escapou por pouco de atentado no Pentágono
Richard Knutson escapou por pouco de atentado no Pentágono

O especialista em tecnologia da informação Richard Knutson chegou ao Pentágono para começar o dia de trabalho com boa disposição. Ele dirigiu por cerca de 30 minutos de sua casa, no subúrbio do Estado da Virgínia, até o Pentágono. Era 11 de setembro de 2001 - o dia em que Knutson driblaria a morte por questão de segundos.

O técnico em computação chegou ao escritório por volta das 9h. Sua primeira missão do dia era entregar um novo hard drive ao colega Scott Powell que trabalhava em um escritório da firma de consultoria BTG, localizado na extremidade oposta do corredor onde ficava a sala de Knutson. Em 2000, Knutson fora contratado pela Serco, uma empresa de serviços de computação que serve ao governo americano e ocupa espaços dentro do Pentágono, sede do Departamento de Defesa americano e maior complexo de escritórios do mundo.

Poucos minutos depois de pegar o hard drive que deveria ser entregue a Powell, Knutson ouviu sua colega Terri R., que escutava ao rádio, exclamar: "Meu Deus, um avião acaba de colidir com uma torre do World Trade Center!". A notícia fez com que Knutson tentasse descobrir mais sobre o acontecimento antes de ir até o escritório do colega que o esperava. Quando se conectou à internet, descobriu que um segundo jato havia atingido a Torre Sul do WTC. "Naquele momento, entendi que Nova York era vítima de um ataque terrorista", diz Knutson. O profissional de informática, hoje com 48 anos, lembra que Terri chegou a dizer com a voz cheia de medo: "Será que eles vão atacar o Pentágono também?". Knutson disse ter certeza de que o Pentágono jamais seria alvo de terroristas.

Por volta das 9h33, Knutson saiu de sua sala segurando, além do hard drive, um bloco e um lápis, caso precisasse fazer anotações durante a reunião com o colega que aguardava o hardware. Depois de alguns passos, ele se deu conta de que o lápis estava quebrado e voltou à sua sala para pegar um novo. O relógio marcava 9h35.

Depois de percorrer metade do longo corredor até a sala de Powell, a caminhada de Knutson foi interrompida por alarmes de incêndio. Um Boeing 757 acabara de atingir a ala oeste do Pentágono, onde se encontrava a sala de trabalho de Powell. Eram 9h38.

"Não senti nem ouvi o impacto do jato", diz Knutson. Imediatamente, uma fumaça e o caos tomaram conta do Pentágono. As pessoas corriam tentando encontrar uma saída e gritavam: "Fogo! Temos de sair daqui!".

"Foi o momento mais apavorante da minha vida. Enquanto corria à procura de uma saída, passava por minha mente a possibilidade de que talvez fossemos vítimas de um ataque com armas químicas", diz o técnico.

Quando finalmente conseguiu sair do prédio, Knutson ouviu uma violenta explosão causada pelo combustível do avião. Cinco andares do Pentágono desmoronaram. Logo depois disso, Knutson encontrou um de seus colegas, Tom F., no estacionamento do prédio e perguntou se ele sabia o que estava acontecendo. Paul, apontou para a área recém-renovada do Pentágono e disse, "Olhe!". Knutson viu, por trás da pesada cortina negra de fumaça, parte do voo 77 da American Airlines e a destruição causada pela colisão. "O fogo era violento e gerava um calor impiedoso."

A partir daquele momento, e pelos próximos três dias, Knutson tentou localizar seus colegas. Ele teve de comparecer ao trabalho no dia seguinte, pois era fundamental que os especialistas em computação garantissem a continuidade e a capacidade de operação dos sistemas de computador do Pentágono. O então secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, havia emitido ordens de que o Pentágono deveria estar operante no dia seguinte ao ataque terrorista. O prédio ainda ardia com o calor da explosão. Naquela semana, as noites de Knutson foram perturbadas por pesadelos com bolas de fogo vindo de encontro a ele e seus colegas.

Como a área atingida pelo jato havia sido recentemente renovada, muitos dos escritórios ainda estavam desocupados. O Pentágono perdeu 135 funcionários. Entre eles estava Powell, o colega com quem Knutson iria se encontrar.

Powell morreu aos 35 anos. Ele tinha um irmão gêmeo, Art, com quem compartilhava uma paixão pela música. Os dois irmãos tinham uma banda chamada Mable"s Twinzz e tocavam blues, pop e jazz incrementados com efeitos de áudio por computador. Powell deixou três filhos. Por um tempo, Art evitou visitar os sobrinhos, com receio de que eles, ao verem o tio idêntico ao pai, pensassem que Powell havia sido encontrado.

A vida de Knutson mudou. Hoje ele aprecia a sorte que teve ao conseguir escapar do atentado apenas porque havia pegado um lápis quebrado. O técnico em computação também diz ter uma maior apreciação pela vida e pela liberdade. Após o atentando, começou a passear de motocicleta. É isso que ele faz nos fins de semana. E é isso que Knutson fará neste domingo, ao passear na sua Yamaha 600cc em frente ao Pentágono, no aniversário de 10 anos do ato terrorista que deixou sequelas permanentes no mundo. "Sinto como se eu tivesse sido ferido, mas a bala não me matou", diz Knutson.





Fonte: Terra

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