Casos de grande repercussão na mídia, como execução de jornalista e empresário, têm investigações retomadas
Mais de 35 mil inquéritos são retomados após a greve
Após 66 dias de greve dos investigadores e escrivães da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, mais de 35 mil inquéritos devem voltar a ser investigados em todo o Estado. O número é uma estimativa, portanto não oficial, da própria corporação.
Com a greve, os únicos trabalhos que haviam sido mantidos eram as prisões em flagrante, retirada de corpos de vias públicas e residências e transferência de presos.
Apesar disso, na última sexta-feira (2), a categoria "endureceu" o movimento e 100% dos 1.750 investigadores e os 380 escrivães pararam de trabalhar. A tática surtiu efeito no Governo do Estado, que comunicou a retirada de armas dos policiais e corte dos pontos.
A decisão de volta ao trabalho se deu na segunda-feira (5) e, na manhã de terça-feira (6), os policiais assumiram seus postos.
Com a volta, casos de grande repercussão na Capital devem ser retomados de forma imediata.
Entre eles, destaque para os assassinatos do jornalista Auro Ida, do empresário Adriano Henrique Maryssael de Campos, dos travestis Alisson Otávio Carvalho da Cruz e Maildo Silva de Souza e dos policiais Edson Leite e João Osni, o Caveira.
Os casos
Auro Ida - O jornalista Auro Ida foi assassinado na madrugada do dia 22 de julho, na porta da casa da namorada, com cinco tiros de pistola. O crime ocorreu no bairro Jardim Fortaleza, na periferia de Cuiabá.
Pouco antes de completar um mês, o caso passou a correr em segredo de Justiça. O motivo, de acordo com a juíza da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, é que estaria havendo muita especulação, principalmente por parte da imprensa.
No início dos trabalhos, chegou a se cogitar que Ida poderia ter sido morto por motivos profissionais, porém nada ainda foi fundamentado.
Adriano - O empresário Adriano Henrique Maryssael de Campos, proprietário do tradicional Restaurante Adriano, em Cuiabá, foi morto aos 73 anos, quando saía de uma agência do Banco Itaú, na região do Coxipó.
O empresário foi alvejado por três tiros à queima-roupa, pelo segurança da agência, Alexssandro Abílio de Farias. O homem fugiu após se apresentou à polícia cinco dias depois de ter matado o empresário. Por ter fugido do flagrante, ele prestou depoimento e saiu em liberdade da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Travestis - Os travestis Alisson Otávio Carvalho da Cruz, 20, a "Alicinha", e Maildo Silva de Souza, 33, a "Maria do Bairro", foram brutalmente assassinados na região do CPA.
Alicinha foi estrangulada, teve os braços e pernas amarrados e o corpo foi arrastado por mais de 10 metros, sendo, por fim, jogado no Córrego do Gumitá. Maria do Bairro foi apedrejada e o corpo foi jogado em um terreno baldio. A travesti foi encontrada 24 horas depois de sua morte.
João Caveira e Edson Leite - As investigações da morte dos policiais civis Edson Leite e João Osni, o Caveira, também foram prejudicadas devido a greve dos investigadores e escrivães da Polícia Civil.
O crime dividiu a opinião pública e, até o momento, não se sabe ao certo o que ocorreu no pátio de um posto de combustíveis, na Rodovia dos Imigrantes, em Várzea Grande.
Durante a operação, o vendedor Gilson Alves da Silva foi morto com oito tiros nas costas. A Polícia Civil disse que os policiais estavam à procura de um ladrão de carreta e investigações apontaram para Gilson.
Familiares e amigos rebatem a versão e acreditam que o vendedor foi morto por ter denunciado supostos parentes de João Caveira, que estariam envolvidos em um roubo ocorrido na casa de Gilson.
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