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Quarta - 07 de Setembro de 2011 às 14:50

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O Dia do Trabalho (nos Estados Unidos, a primeira segunda-feira de setembro) deveria ser uma celebração do trabalho. Mas, neste ano, é uma data que traz motivos de regozijo para poucos norte-americanos -mesmo os que têm empregos.

A pesquisa de bem-estar Gallup Healthways, que entrevista mais de mil norte-americanos adultos a cada dia desde janeiro de 2008, demonstra que os norte-americanos hoje se sentem piores sobre seus empregos -e ambientes de trabalho- do que em qualquer momento do passado. Pessoas de todas as idades e de todas as faixas de renda estão insatisfeitas com seus superiores, apáticas com relação às suas organizações e se sentem distantes daquilo que fazem. E não existe motivo para supor que as coisas venham a melhorar em curto prazo.

O envolvimento dos funcionários pode parecer supérfluo em uma economia em crise. Mas a realidade é que faz grande diferença para a sobrevivência de uma companhia. Em estudo publicado em 2010, James Harter e sua equipe de pesquisadores constataram que menos satisfação com o emprego é um prenúncio de pioras nos resultados financeiros de uma empresa. O Gallup estima o custo do baixo envolvimento dos trabalhadores norte-americanos com seus empregos em US$ 300 bilhões ao ano em produtividade perdida. Quando as pessoas não gostam de seus empregos ou de seus chefes, não são tão assíduas, produzem menos ou executam trabalhos de pior qualidade.

Ao longo dos 10 últimos anos, pesquisamos as causas microeconômicas desse problema macroeconômico. Para ganhar perspectiva em tempo real sobre as vidas de trabalho cotidianas, recolhemos 12 mil anotações em diários eletrônicos realizadas por 238 trabalhadores em sete empresas diferentes. Nosso estudo mapeou o estado psicológico de cada pessoa a cada dia, e solicitou aos respondentes que descrevessem a cada dia o acontecimento que mais se destacasse no ambiente de trabalho. Nossa análise ilumina a vida interior dos trabalhadores -as emoções e motivações ocultas que as pessoas sentem ao realizar e avaliar suas tarefas cotidianas de trabalho.

Os resultados foram reveladores e preocupantes. Um terço das 12 mil anotações avaliadas mostravam que o diarista estava infeliz, desmotivado ou ambos. Na verdade, os trabalhadores muitas vezes expressavam frustração, desdém ou repulsa. Nossa pesquisa mostrou que a vida interna dos trabalhadores exerce impacto profundo sobre sua criatividade, produtividade, dedicação e coleguismo. É muito mais provável que um trabalhador tenha ideias novas em dias nos quais se sente mais contente.

A interpretação convencional é de que a pressão melhora o desempenho, mas nossos dados obtidos em tempo real demonstram que os trabalhadores apresentam melhor desempenho quando estão felizes ao executar suas tarefas.

Os executivos podem ajudar a garantir que as pessoas se envolvam mais e trabalhem mais felizes. E fazê-lo não custa caro. O bem-estar do trabalhador depende em larga medida da capacidade e disposição dos superiores de facilitar as realizações dos subordinados -removendo obstáculos, provendo assistência e reconhecendo o esforço individual. Um padrão claro emergiu quando analisamos os 64 mil acontecimentos de trabalho específicos reportados nos diários: de todos os acontecimentos que causam um maior envolvimento dos trabalhadores, o mais importante -por larga margem- é simplesmente o de realizar progressos em um trabalho importante.

Quando um trabalhador percebe sua atividade como importante, o progresso muitas vezes resulta em alegria e animação quanto ao trabalho. "Desta vez tudo parece bem! Meu sentimento sobre esse projeto e meu trabalho é o mais positivo que tenho em muito tempo", escreveu uma programadora depois de concluir uma tarefa pequena mas difícil. Uma vida interior rica no trabalho propicia melhora de desempenho, e isso por sua vez torna a vida interior do trabalhador ainda mais rica -uma espiral positiva.

Infelizmente, muitas empresas agora tentam manter seus quadros de pessoal e seu uso de recursos o mais baixos que puderem, e dificultam o progresso dos trabalhadores. A maioria dos executivos não compreende as consequências negativas dessas dificuldades. Quando pedimos a 669 executivos de companhias de todo o mundo que classificassem cinco fatores de motivação de trabalhadores por ordem de importância, "apoiar o progresso" ficou em último lugar. Cerca de 95% dos executivos não reconheciam que progresso em um trabalho importante é o fator primário de motivação, bem adiante de incentivos tradicionais como aumentos e gratificações.

Essa incompreensão reflete uma experiência comum no seio das organizações. Das sete empresas que estudamos, apenas uma tinha executivos que ofereciam de forma consistente os catalisadores -autonomia para os subordinados, recursos suficientes e aprender com os problemas- que permitem progresso. Não por coincidência, essa foi a única companhia a conseguir um grande avanço tecnológico no período do estudo.

Os adultos que trabalham dedicam mais horas aos seus empregos do que a qualquer outra atividade. O trabalho deveria enobrecer, e não aniquilar, o espírito humano. Promover o bem-estar dos trabalhadores não só é ético como faz sentido economicamente. Fomentar vidas interiores positivas às vezes requer que os líderes articulem melhor o significado do trabalho para todos os membros da organização que estejam envolvidos.

Às vezes, basta que os executivos resolvam as dificuldades cotidianas e ajudem com os problemas técnicos. Se os líderes de uma organização -de presidentes a chefes de pequenos grupos de trabalho- acreditarem que sua missão envolve ao menos em parte prover apoio ao progresso cotidiano dos trabalhadores, será possível resolver a crise da perda de envolvimento com o trabalho e, como parte do processo, prover maior bem-estar à força de trabalho e maior produtividade à economia dos Estados Unidos.






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