Soldados do 14º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bangu) prenderam, na noite deste sábado, Leônidas Macena da Silva Ferreira, o Léo Rato, 26 anos, suspeito de ser um dos responsáveis pela guerra do tráfico que aterroriza há quatro meses comerciantes e moradores da Vila Kennedy, na zona oeste do Rio. Uma metralhadora .40 e 12 cartuchos intactos foram encontrados no Zafira que ele dirigia. A prisão ocorreu após os protestos realizados contra a violência no bairro em Copacabana e no Aterro do Flamengo, na zona sul. O detido alegou ter sofrido uma armação da polícia.
O sargento Anderson Cláudio da Silva disse que os policiais do Serviço Reservado receberam telefonemas que indicavam a presença de Léo Rato na rua Sargento Miguel Filho, a 500 m de onde foram encontrados quatro homens mortos há 15 dias. O confronto entre as facções criminosas rivais foi o motivo que levou os moradores, com apoio da ONG Rio de Paz, a estender as faixas "Vila Kennedy: abandono, sangue e medo" na madrugada de sexta-feira.
Doze policiais participaram da operação para prender Léo Rato. "Ele não resistiu à prisão e negou que a metralhadora fosse dele, mas temos informações de que ele tem o apoio ou já é o substituto do Sombra, que está foragido da Justiça", explicou o sargento Anderson. Sombra é o apelido de Jorge Alexandre Cândido Maria, 38 anos, que recebeu o benefício da prisão domiciliar em julho, após cumprir nove anos de prisão, mas arrebentou o lacre da tornozeleira de monitoramento em julho.
A ficha de antecedentes criminais indica que Léo Rato já teve duas passagens pela polícia - a primeira por resistir à prisão, em 2004, em Bangu; a outra por tráfico em 2007, no mesmo bairro. Agentes do Serviço Reservado do 14º BPM informaram que o suspeito perdeu o apoio da comunidade após os sucessivos controntos entre traficantes das facções Comando Vermelho e Terceiro Comando.
Léo Rato se diz vítima de armação policial
Ferreira disse que trabalha como feirante e mototáxi há 18 meses. "Todo mundo que eles pegam lá na Vila Kennedy acham que é bandido. Colocaram a metralhadora em cima de mim. A arma saiu da viatura deles. A metralhadora não é minha. Estava no carro junto com a minha família. Já que eles têm tanta certeza que a arma é minha, por que não analisam a digital?", disse.
Leônidas admitiu ter duas passagens pela polícia. "Fui absolvido nos dois casos, em 2004, por resistência à prisão, e 2007, por tráfico. Se eu fosse bandido, estava num carro roubado", disse. Policiais da 33ª DP confirmaram que os documentos do carro estão legais. O pastor Wilson Melo, líder da Igreja Pentecostal Cristo Reina, em Sepetiba, confirmou que Leônidas participa dos cultos há um ano e meio.
"Ele está em processo de libertação. Nesse período, tenho certeza que ele não se envolveu mais com o tráfico de drogas", garantiu o pastor. Leônidas foi detido com R$ 800 no bolso. "Trezentos reais eram o meu dízimo, o restante era para pagar a conta do meu rádio. Os policiais deveriam ir lá na Coreia, na Vila Aliança, porque só querem prejudicar a gente da Vila Kennedy", lamentou Leônidas.
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