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Nacional
Terça - 30 de Agosto de 2011 às 16:21

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Um relatório elaborado por quatro professores e um servidor da Universidade de Brasília diz que não existe nascente do córrego do Parque Olhos D’Água no lote entre as quadras 212 e 213 Norte destinado à construção de um shopping. Segundo o grupo, o canal de água que moradores e ambientalistas tentam proteger é resultado de uma galeria pluvial não concluída.
 
Placa no Parque Olhos D
Placa no Parque Olhos D"Água, em Brasília, que trata a área como de preservação ambiental (Foto: Raquel Morais/G1)



O trabalho, apresentado em 2004 e reforçado em 2010 por uma empresa ligada à UnB, avaliou a água que corre na altura dos blocos I da 212 Norte e J e K da 213 Norte com base em análises laboratoriais e imagens de satélites.
 

O presidente da comissão e professor da Faculdade de Tecnologia, Newton Souza, diz, no entanto, que a pesquisa constatou a presença da nascente do córrego na altura do bloco B da 212 Norte. “Essa área é da UnB e é a parte que pode ser protegida. [Para preservar] Ali deveria ficar isolado e não ter acesso para as pessoas.”

Adotante das nascentes do parque, Ricardo Montalvão classifica o relatório como “piada”. “Alegam que a área é antropizada e não tem comunicação com o [Parque] Olhos D’Água, que a nascente em nada contribui com a Lagoa do Sapo. Mas são nascentes que formam o córrego do parque, que é tão importante quanto a lagoa”, disse.

Montalvão afirma que tem três pareceres que contrariam a pesquisa da UnB e apontam o canal de água como “insurgência natural”. “Eles basearam o trabalho deles em uma tese de mestrado da Universidade Católica que afirma que ali existe nascente. É uma comissão de professores obviamente defendendo o patrimônio da UnB.”

A minha proposta é paralisar os lançamentos. Como estamos na seca, temos dois meses para ver se aquela água ali acaba. Se continuar aflorando, é porque é nascente"
Ricardo Montalvão, defensor da área do parque

Procurado pelo G1, o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram) disse que existe um pedido de licenciamento ambiental para a construção de um shopping entre as quadras 212 e 213 Norte. Segundo o órgão, o processo está paralisado aguardando que o interessado entregue o estudo ambiental.

A reportagem também questionou o Ibram sobre o estudo da UnB e aguarda resposta. O G1 procurou ainda a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), que não respondeu às ligações.

No início do mês, o presidente da Terracap, Marcelo Piancastelli, disse que a posição do órgão é de que seja observada toda a legislação ambiental e o posicionamento do Ibram sobre a possibilidade ou não de qualquer empreendimento da área. “A Terracap definitivamente não é a favor, na atual situação, de qualquer edificação no local”, declarou.

Esgoto
Ricardo Montalvão disse acreditar que existam um ou dois lançamentos clandestinos de esgoto no canal, que devem ser detectados. “A minha proposta é paralisar os lançamentos. Como estamos na seca, temos dois meses para ver se aquela água ali acaba. Se continuar aflorando, é porque é nascente.”

Também membro da comissão da UnB, o professor do Instituto de Geociências José Eloi Guimarães afirma que a região deve ser urbanizada. “É uma manilha de concreto onde tem lançamento de água pluvial e eventualmente tem lançamento clandestino de esgoto. Ela [a área] tem que ser ocupada. Hoje é um risco.”

Guimarães diz que, além da possibilidade de desmoronamento de terra, há mendigos que ocupam o local frequentemente. Segundo o professor Newton Souza, existe também ameaça às pistas próximas à quadra. “A galeria [do jeito que está] coloca em perigo o Eixinho”, afirmou.





Fonte: Do G1 DF

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