Opinião: Corrida contra o tempo nos aeroportos
O Brasil se atrasou e agora precisa correr contra o tempo para dotar os grandes aeroportos do país de uma administração mais ágil e eficiente.
O futuro aeroporto de São Gonçalo do Amarante, ainda em obras, vizinho à capital do Rio Grande do Norte, Natal, serviu como primeiro teste e comprovou o apetite dos consórcios interessados em assumir a função de concessionário de serviço público nessa nova área antes quase completamente ocupada pelo Estado (Infraero).
O grupo vencedor do leilão, formado por capitais brasileiros e argentinos, se propôs a pagar R$ 170 milhões pela outorga para concluir a obra e operar o aeroporto, um ágio de 228,8% sobre o lance mínimo estipulado pelo governo federal!
Como as tarifas aeroportuárias terão de seguir os padrões já em vigor, é óbvio que o concessionário espera recuperar esse investimento com a multiplicação d os serviços que serão oferecidos.
E terá de enfrentar seu primeiro grande desafio, o de inaugurar o aeroporto antes da Copa do Mundo de 2014, pois Natal será uma das cidades que servirão de sede para o campeonato de futebol, que desperta interesse em todo o planeta.
O consórcio vencedor reúne a experiência do sócio brasileiro na construção pesada com o aprendizado dos argentinos na administração de vários aeroportos não só na América do Sul, mas também na Europa e na Ásia.
Feita com sucesso a primeira licitação, é vital apressar as demais
O teste bem-sucedido animou o mercado em relação à próxima licitação, que envolverá três dos maiores aeroportos do país (Guarulhos e Viracopos, em São Paulo, e Brasília), prevista para dezembro.
O tempo é curto a fim de que os aeropor tos brasileiros estejam preparados para o considerável crescimento do fluxo de passageiros e cargas, que está em curso e se ampliará com a realização de megaeventos esporti vos internacionais no Brasil.
No entanto, por mais dificuldades que os novos concessionários venham a enfrentar, certamente terão mais agilidade e ferramentas para adotar as providências necessárias ao bom funcionamento de um grande aeroporto, com o mesmo padrão de conforto e eficiência já oferecidos em vários lugares do mundo.
Nesse sentido, é importante que fique bem claro o papel do concessionário. Como a estatal Infraero terá necessariamente 49% do futuro consórcio (foi a fórmula que o governo encontrou para a empresa obter receitas e continuar administrando outros aeroportos de menor porte), se sua ingerência for mais do que a de um acionista não controlador e se envolver diretamente na operação cotidiana, o risco de fracasso será significativo.
Evidentemente que a transmissão da experiência da Infraero, com seus erros e acertos, não poderá ser menosprezada pelos futuros concessionários. Mas sem poder de decisão.
E já que se trata de uma co rrida contra o tempo, seria importante que o governo abreviasse a licitação para a concessão dos aeroportos do Galeão e de Confins.
Ambos encontram-se em situação limite e é preciso uma mudança administrativa urgente, caso contrário o país estará sujeito a um vexame internacional durante os eventos que se sucederão a partir do ano que vem.
Demorou muito a superação do preconceito ideológico no governo contra a licitação de aeroportos. Que agora ela ganhe velocidade.
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