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Nacional
Terça - 23 de Agosto de 2011 às 15:02

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"Desta vez a partida foi entre os peões; agora vêm as disputas em que vão se envolver reis e rainhas", afirma Frederico Araújo Turolla, sócio da Pezco Pesquisa & Consultoria, traçando um paralelo entre o jogo de xadrez e o bem-sucedido leilão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), ocorrido ontem - o primeiro desse tipo no Brasil.

A expectativa agora é para os leilões dos muito maiores complexos de Cumbica, que serve São Paulo, Viracopos, que atende Campinas (SP) e região e o aeroporto de Brasília.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) está determinada a repassá-los à iniciativa privada ao final de 2011. O leilão destes complexos está marcado para 22 de dezembro.

O governo espera que os vencedores da concorrência invistam R$ 2,6 bilhões entre 2011 e 2014 nos três aeroportos.

"Estamos concluindo um estudo por conta própria, e também esperamos receber estudos realizados pela iniciativa privada sobre os terminais ate o início de setembro. Daí fecharemos a modelagem [destes leilões]", afirmou ontem Marcelo Guaranys, presidente da Anac, durante o leilão de São Gonçalo do Amarante na sede da BM&FBovespa, em São Paulo.

"O sucesso desta primeira concessão aeroportuária mostrou que este setor no Brasil é bastante atrativo. O ágio pago, de quase 230%, indica que a disputa pelos próximos aeroportos será muito grande", aposta Guaranys.

Ele se refere ao fato de o negócio ter envolvido R$ 170 milhões (ágio de 228,82% sobre o preço mínimo de R$ 51,7 milhões), oferecido pelo consórcio Inframérica.

Lances

O Inframérica é formado pelo grupo brasileiro Engevix e pela empresa argentina Corpor ación América. Três outros grupos concorreram no leilão, que só foi resolvido via disputa por lances entre o Inframérica e o consórcio Aeroportos do Brasil, que chegou a oferecer R$ 166 milhões pelo terminal potiguar.

José Antunes Sobrinho, diretor-executivo do Engevix, adiantou que a empresa pretende participar dos próximos leilões aeroportuários.

Analistas do setor, no entanto, esperam que deste ponto em diante players de maior porte entrem nesta briga.

"Aparentemente, as companhias de construção civil nacionais e os grandes operadores aeroportuários internacionais resolveram guardar suas forças para as disputas por complexos de maior porte, como Cumbica e Viracopos", observa Claudia Elena Bonelli, sócia do TozziniFreire Advogados e especialista em parcerias público-privadas (PPPs).

Na véspera do leilão de São Gonçalo, multinacionais da área, como a alemã Fraport e a mexicana GAP, desistiram do negócio alegando baixa expectativa de retorno fi nanceiro - mas acredita-se que marquem presença nas disputas pelos bem mais rentáveis terminais que serão leiloados no final do ano.

Modelagem

O consultor Turolla observa que os leilões que ocorrerem no futuro serão fortemente determinados pela modelagem que lhes for dada.

"O governo pode optar por editais que deem maior competitividade às disputas ou que privilegiem a presença de empresas brasileiras na gestão dos aeroportos, por exemplo", diz ele.

"Em última análise, serão opções políticas que terão de ser feitas e que influenciarão o processo."

As responsabilidades dos vencedores serão grandes. Ontem mesmo a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, cobrou da Inframérica que as obras de São Gonçalo do Amarante sejam concluídas até o início da Copa do Mundo de Futebol de 2014.

Ela ainda revelou que seu estado terá R$ 35 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos em infraestrutura, em especial para saneamento e energia eólica.

Ágio

Houve alguma surpresa ontem com o valor relativamente elevado atingido no leilão. Mas muitos analistas não descartam que isto se repita nas concorrências por Cumbica, Viracopos e Brasília.

"Se as condições das próximas disputas forem percebidas como justas, com certeza as ofertas vencedoras alcançarão o ágio de ontem [228,82%], e até o superarão", acredita Claudia.

Ela destaca que a definição clara de qual papel irá desempenhar a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) nos aeroportos privatizados talvez seja a chave para que haja mais leilões competitivos como o de ontem.

O Brasil abriga companhias de engenharia e construção gigantescas e já experientes em erguer terminais aéreos, tais como Camargo Corrêa, Odebrecht e Andrade Gutierrez.

A tendência é que estas se unam a empresas estrangeiras especializadas em gestão aeroportuária para formarem os grupos que disputarão alguns dos maiores a eroportos do País, além de outros complexos.






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