Onda de violência contra políticos já fez várias vítimas fatais; executivos andam com escolta
Prefeitos convivem com ameaça de morte em MT
Dois prefeitos de Mato Grosso convivem, diariamente, com ameaças de morte motivadas por questões políticas.
Trata-se de Wanderley Perin (PR), que assumiu a Prefeitura de Alto Boa Vista (1.059 km a Nordeste de Cuiabá) graças a uma decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT), que cassou o mandato de Aldecides Milhomem (DEM) por compra de votos, e de Maria Manea da Cruz Vitozzi (PP), de Lambari D"Oeste (339 km a Oeste da Capital).
A onda de violência que impera em Mato Grosso já atingiu o meio político. No dia 23 de julho, foi assassinado, na própria residência, o prefeito de Novo Santo Antônio (1.063 km a Nordeste), Valdemir Antônio da Silva (PMDB).
O prefeito de Nova Canaã (697 km a Extremo-Norte) foi assassinado no dia 2 de agosto, quando participava de uma festa, em um clube da cidade. Ambos os crimes ainda estão em fase de investigação.
Ao Midianews, Perin informou que as ameaças são diárias e já registrou denúncia na Polícia Civil, que investiga o caso. "Recebi duas mensagens enviadas em meu celular, afirmando que minha vida vale mais do que ficar na Prefeitura. Telefonemas anônimos, pedindo para tomar cuidado, também são freqüentes. O inquérito policial está na fase final e tudo será desvendado", disse.
Diante disso, Perin permanece escoltado por dois policiais militares, cedidos pelo Estado, para garantir sua integridade física. Aos 38 anos, casado e pai de três filhos, a convivência na política lhe obrigou a transferir a família para outro município e mudar sua rotina.
"Já cheguei a dormir dentro da Prefeitura, para não ter problemas. Agora, com a chegada dos seguranças, estou mais tranqüilo. Minha vida mudou completamente, coloquei cerca elétrica e filmadora em todas as entradas da minha casa", afirmou.
Desistência
A rotina cercada pelas ameaças de morte já o leva a refletir, até mesmo, sobre desistir da política. "Moro há 5 anos em Alto Boa Vista e, se soubesse que seria toda essa confusão, não teria ingressado na política. Pela lei, posso ser candidato à reeleição, mas vou avaliar com muita calma essa possibilidade", afirmou.
Repentino
Ameaças repentinas de morte também atingem gestores municipais. Em Colíder (650 km ao Norte de Cuiabá), o prefeito Celso Banazeski (PR) revelou que, recentemente, foi alvo de ameaça de morte.
"Há 60 dias, a janela da minha casa foi alvejada por tiros e recebi vários telefonemas ameaçadores. Tudo leva a crer que ocorreu por causa do despejo de uma rua. Registrei Boletim de Ocorrência e pedi investigação da Polícia Civil que está apurando o caso", informou.
Pistolagem e morte do marido
Em Lambari D" Oeste, a prefeita Maria Manea da Cruz Vitozzi perdeu o marido, Luiz Carlos Alves da Cruz, em 2004, executado com tiro na cabeça. Ele concorria à Prefeitura Municipal e foi morto quando saía de uma reunião política.
Conforme as investigações da época, o crime teria custado R$ 40 mil e foi encomendado pelo ex-vereador Wenyton Salomão, condenado a mais de 20 anos de cadeia, mas está foragido.
Desde que foi eleita prefeita do município, em 2008, Maria Manea convive, diariamente, com ameaças e, em novembro de 2010, a Polícia Civil desmantelou uma quadrilha que pretendia executá-la.
Segundo as investigações, um empresário do município contratou, por R$ 80 mil, dois pistoleiros que deveriam executá-la. Porém, a partir de denúncias anônimas e escutas telefônicas feitas pelo Serviço de inteligência da Polícia Civil de Rio Branco (a 15 km de Lambari), policiais conseguiram prendê-los. O inquérito policial ainda não foi concluído.
Após este episódio, Maria Manea reforçou a segurança particular, dorme em seis lugares diferentes e a residência particular é protegida por cercas elétricas, muros com mais de 20 metros de altura e cães adestrados.
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