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Cidades/Geral
Quinta - 18 de Agosto de 2011 às 07:45
Por: DAFNE SPOLTI

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O zelador e vigilante Romildo Bento de Melo, 36 anos, casado, pai de três filhos, foi obrigado a mudar de profissão. Em 2004, sofreu um acidente de trabalho na indústria de metais em que trabalhava. Um dos dedos rompeu quando a prensa de 40 toneladas caiu em sua mão. A máquina, utilizada para marcar e cortar chapas de aço, não teve manutenção no turno anterior ao seu e quebrou. A luva não aguentou o peso. Hoje, este dedo de Romildo não tem mobilidade.

Outros trabalhadores morrem em seus locais de trabalho pela falta de segurança. Em Mato Grosso, de 2006 a 2009, foram 541 mortes. Isso colocou o estado em sexto lugar no ranking nacional. Só de acidentes registrados, os quatro anos somam 49.194. Para discutir o tema e aprimorar o trabalho dos técnicos da área está sendo realizado, desde ontem, o XII Seminário de Segurança e Saúde no Trabalho.

Para o presidente do Sindicato dos Técnicos em Segurança do Trabalho no Estado de Mato Grosso (Sintes), Geraldo Ananias Pacheco, participante da organização do evento, uma das maiores problemáticas em relação ao cuidado com a segurança dos trabalhadores é a dificuldade que a Superintendência Regional de Trabalho e Emprego (SRTE-MT) tem em fiscalizar as empresas. Ele cita também os afrouxamentos do governo federal no que diz respeito às Normas Regulamentadoras, que, segundo ele, estão com menos cobrança sobre essa fiscalização. “Ao invés de estabelecer que necessariamente deve haver fiscalização, diz que pode ser feita”, exemplifica.

O superintendente regional de Emprego e Trabalho, Valdiney Antônio de Arruda, explica que a fiscalização da segurança e saúde do trabalho é feita por um corpo de auditores que trabalham de acordo com as prioridades verificadas. Ele explica que das 51 divisões da Classificação Nacional de Atividade Econômica (Cnae), apenas 13 áreas de trabalho concentram a 74,77% das mortes registradas de 2006 a 2009 em Mato Grosso. A divisão com maior concentração de óbitos é a de agricultura, pecuária e serviços relacionados.

Segundo o superintendente, em Mato Grosso, de janeiro a julho, foram realizadas 446 ações fiscais. Ele reconhece, contudo, que a política de prevenção é insuficiente no Estado. Não apenas pelo número de fiscais, mas, principalmente por conta da falha da rede em que municípios e governos estaduais e federal devem agir. No município, por exemplo, algo fundamental é a exigência de alvará. Para uma obra de construção civil, por exemplo, o superintendente diz que deveriam ser definidas algumas exigências básicas, o que muitas vezes não acontece. Além de os fiscais do SRTE serem insuficientes para todos os locais de trabalho, também “é necessário que cada um cumpra seu papel”, diz.

Segundo Geraldo Pacheco, do Sintes, 2011 já teve 40 mortes decorrentes de acidentes. Ele explica que para garantir a segurança do trabalhador o ambiente deve ter disposição correta de máquinas e equipamentos no espaço, garantia das proteções coletivas e, então o equipamento de proteção individual. Mas a preocupação deve estar com a proteção coletiva garantida anteriormente. Não se pode apostar apenas no equipamento de proteção individual. “O trabalho tem que ser adequado ao trabalhador. Não é o trabalhador que deve se adequar à empresa”, explica o presidente.

As atividades do XII Seminário de Segurança e Saúde no Trabalho terminam nesta sexta-feira. Os temas debatidos incluem assuntos sobre prevenção, regulamentações e responsabilidade dos técnicos em segurança e saúde. O evento está sendo realizado no SENAC durante o dia todo. Reúne profissionais de segurança do trabalho, sindicalistas, representantes do poder público, pesquisadores e especialistas da área.




Fonte: DoDC

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