5% das terras de MT são de estrangeiros
Estudo realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) sobre a concentração de propriedades na agricultura em Mato Grosso verificou que 20% da área produtiva está nas mãos de 20 grupos. Os dados foram entregues aos parlamentares do estado e representantes do setor ruralista em audiência pública realizada na semana passada na Assembleia Legislativa.
Os dados apurados apontam que 328 mil hectares, ou seja, 5,12% da área estadual, foram cultivados diretamente por grupos com participação ou fundação de fora do país. O fato relevante é que o crescimento do estado como um todo foi de 3,15% no último ano, enquanto a evolução dos grupos estrangeiros chegou a 14,17%.
Os grupos empresariais atuam diretamente no setor em atividades como plantio de grãos e comercialização. A maioria da lista é formada por empresas nacionais, embora também seja registrada a presença estrangeira no estado. O total de área plantada por estes grupos alcançou 1,26 milhão de hectares.
De acordo com o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, apesar da concentração das terras, a situação não deve ser vista como preocupante para o setor. "Essa concentração não preocupa porque o estado continua produzindo. A questão é a parte social. Um grande grupo não mora na cidade pequena, a mulher do produtor não faz compra na loja da cidade, como o produtor faz. O agricultor local movimenta o comércio. Quando há concentração, quem sai perdendo são as próprias cidades", frisou o superintendente do Imea.
Celidônio afirma que a presença desses investidores está relacionada às dificuldades de crédito do produtor. “A falta de políticas públicas teria forçado produtores a venderem suas terras como alternativa para pagar suas dívidas. A situação financeira deles pode ter contribuído para isso", pontuou.
DADOS
Entre as safras 2004/2005 e 2010/11, os grupos empresariais aumentaram em 130% suas áreas de produção, enquanto a média do estado cresceu em patamares inferiores a 2%. De acordo com o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, a evolução na área não se deve à abertura de novas fronteiras agricultáveis em Mato Grosso, mas ao acréscimo de outras já existentes, adquiridas mediante compra ou mesmo arrendamento.
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